As forças armadas da França afirmam ter matado cerca de 40 terroristas acusados de envolvimento com um ataque a guardas florestais em um parque nacional do Benin, na terça-feira passada (8). A operação militar francesa foi realizada em Burkina Faso, conforme anunciou no sábado o comando geral do exército do país europeu. As informações são da agência catari Al Jazeera.
A operação militar foi uma resposta à emboscada que matou um cidadão francês e outras sete pessoas no Parque Nacional W, no Benin, perto das fronteiras com o Níger e Burkina Faso. A missão Barkhane, encabeçada pela França na região do Sahel, disse em comunicado que “engajou suas capacidades de inteligência aérea para localizar o grupo armado” e então realizou ataques aéreos.
Inicialmente, haviam sido registradas seis mortes no ataque da terça passada (8), número posteriormente atualizado para oito. As vítimas fatais são cinco guardas florestais, o instrutor francês que os acompanhava, um militar e um funcionário do parque. Outras 12 pessoas ficaram feridas.
Na quinta (10), dois dias depois do primeiro episódio, mais um ataque foi relatado pelas autoridades do Benin. Nele, um funcionário do parque morreu quando uma patrulha de reconhecimento atingiu um IED (dispositivo explosivo improvisado, da sigla em inglês).
O governo francês investiga a relação de grupos extremistas islâmicos com os atentados, que não foram reivindicados oficialmente por nenhuma organização.
Por que isso importa?
Desde 2016, o terrorismo é uma séria ameaça no Benin, com grupos extremistas islâmicos realizando ataques sobretudo no norte do país, perto das fronteiras com Burkina Faso e Níger, e mais a leste, na divisa com a Nigéria.
O combate ao terrorismo no país é deficiente, sobretudo em função da ideia de que trata-se de uma ameaça exclusivamente externa. Embora incontestável a presença de grupos extremistas islâmicos provenientes de nações vizinhas, também há um núcleo de violência doméstico.
No Benin, criadores de gado, sobretudo da comunidade Fula, são suspeitos de ligação com os jihadistas, e em certos casos eles próprios controlam grupos radicais. Os pastores, por exemplo, habitualmente facilitam a infiltração violenta de extremistas vindos de fora, que ingressam no país pelos Estados costeiros.
Além da religião, outro forte motivador da violência são as condições socioeconômicas, incluindo pobreza e desemprego.
No Brasil
Casos mostram que o Brasil é um porto seguro para extremistas. Em dezembro de 2013, levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.
Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.
Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram.
Mais recentemente, em dezembro de 2021, três cidadãos estrangeiros que vivem no Brasil foram adicionados à lista de sanções do Tesouro Norte-americano. Eles são acusados de contribuir para o financiamento da Al-Qaeda, tendo inclusive mantido contato com figuras importantes do grupo terrorista.
Para o tenente-coronel do Exército Brasileiro André Soares, ex-agente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), o anúncio do Tesouro causa “preocupação enorme”, vez que confirma a presença do país no mapa das organizações terroristas islâmicas.
“A possibilidade de atentados terroristas em solo brasileiro, perpetrados não apenas por grupos extremistas islâmicos, mas também pelo terrorismo internacional, é real”, diz Soares, mestre em operações militares e autor do livro “Ex-Agente Abre a Caixa-Preta da Abin” (editora Escrituras). “O Estado e a sociedade brasileira estão completamente vulneráveis a atentados terroristas internacionais e inclusive domésticos, exatamente em razão da total disfuncionalidade e do colapso da atual estrutura de Inteligência de Estado vigente no país”. Saiba mais.
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