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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Foguete que se chocará com a lua é da China, não da empresa Space X, dizem especialistas

O foguete que está em rota de colisão com a Lua pertence à China, não à empresa Space X, do magnata norte-americano Elon Musk. A informação foi confirmada pelo astrônomo Bill Gray, de acordo com o jornal britânico Guardian.

Anteriormente, acreditava-se que a espaçonave pertencia à empresa de Musk, informação agora desmentida. Trata-se, na verdade, do foguete chinês 2014-065B, propulsor do Chang’e 5-T1, lançado em 2014 como parte do programa de exploração lunar da agência espacial chinesa. Ele deve se chocar com a Lua no dia 4 de março.

Foguete chinês Kuaizhou-1A lança satélite ao espaço (Foto: Xinhua.net/divulgação)

Gray, o primeiro a identificar o futuro impacto, agora corrigiu suas impressões iniciais e confirmou a verdadeira identidade do foguete. “O objeto tinha o brilho que esperávamos e apareceu no tempo esperado e se movendo em uma órbita razoável”, disse ele, admitindo que “deveria ter notado algumas coisas estranhas” sobre sua órbita.

O também astrônomo Jonathan McDowell usou o Twitter para expor um problema que, segundo ele, ficou evidente nesse incidente. “Então, o foguete prestes a atingir a Lua, ao que parece, não é o que pensávamos que fosse. Isso (um erro honesto) apenas enfatiza o problema com a falta de rastreamento adequado desses objetos do espaço profundo”.

Por que isso importa?

A China tem adotado uma estratégia diplomática que pode deixar os EUA em segundo lugar na corrida espacial. O projeto chinês é transformar a estação espacial Tiangong em “plataforma para cooperação internacional profunda”, um centro diplomático no espaço. A estrutura seria usada para experimentos em microgravidade e outras áreas científicas, com a capacidade de aceitar a presença de países incapazes de chegar à estação espacial internacional atual.

Para muitos especialistas, a questão vai além das relações públicas. Trata-se de mais uma forma de Beijing estender seus tentáculos a outras nações, de forma similar à adotada em projetos de investimento como a Nova Rota da Seda. O Brasil é um caso emblemático, pois compartilhou tecnologia com a China para o desenvolvimento conjunto de um satélite na década de 1990.

De 2008 para cá, os chineses assinaram acordos de cooperação espacial com Argentina, Brasil, Canadá, França, Malásia, Paquistão, Rússia, Ucrânia e a Comissão Europeia, segundo informações da Nasa, a agência espacial dos EUA. China e Rússia devem assinar em 2022 um novo acordo de cinco anos para cooperação espacial. Através dos acordos, Beijing constrói satélites de última geração para essas nações, e dados obtidos por eles permitem ao governo chinês, por exemplo, atuar no combate a desastres naturais. .

“Acho que, mais que tudo, o que Beijing tenta dizer é: ‘Somos o provedor de baixo orçamento. Somos o cara que não faz perguntas. Estamos felizes em tratá-los mais como iguais do que talvez os Estados Unidos’”, diz Richard Bitzinger, pesquisador sênior da S. Rajaratnam School of International Studies, em Cingapura. “Para muitos países, simplesmente não há realmente uma desvantagem política ou estratégica em lidar com os chineses nessas áreas”.

A derrota definitiva dos EUA na corrida espacial pode vir justamente com os imbatíveis preços oferecidos pela China, de acordo com Bitzinger. Isso porque os países em desenvolvimento podem até sonhar com o lançamento e os serviços de satélite que a Nasa oferece, teoricamente com qualidade superior. Mas é bem provável que optem pelo preço. E, nesse caso, não se pode competir com a China.

O que também fere as pretensões dos Estados Unidos é a baixa interação com as nações estrangeiras em questões espaciais. Segundo Alexander Vuving, professor do Daniel K. Inouye Asia-Pacific Center for Security Studies, no Havaí, não é uma questão recente. Ele destaca que os EUA parecem atualmente bem menos engajados na corrida espacial que nos tempos de Guerra Fria.

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