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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Coreia do Norte proíbe seus cidadãos na China de comparecerem aos Jogos de Inverno

O governo da Coreia do Norte proibiu os cidadãos do país que atualmente trabalham na China de acompanharem de perto os Jogos Olímpicos de Inverno, que acontecem em Beijing desde o dia 4 de fevereiro. As informações são da rede Radio Free Asia.

Pyongyang justifica o veto com base no temor de que os norte-coreanos possam se deixar levar pela febre olímpica e venham a “trair sua pátria”, eventualmente mantendo contato com cidadãos da Coreia do Sul ou mesmo pedindo asilo em nações estrangeiras.

Os trabalhadores da Coreia do Norte se concentram sobretudo na cidade chinesa de Dandong, cujo rio Yalu separa de Sinuiju, cidade norte-coreana mais próxima da fronteira. Ali, um destacamento consular supervisiona os trabalhadores enviados pelo governo de Kim Jong-un, quase sempre encarregados de enviar moeda estrangeiro ao país natal.

Porém, a situação é difícil atualmente, devido à queda no comércio entre os dois países em meio à pandemia de Covid-19. Assim, muitos desses trabalhadores sequer conseguem cobrir as próprias despesas na China.

Coreia do Norte proíbe seus cidadãos na China de comparecerem aos Jogos de Inverno
Cerimônia de abertura dos Jogos de Inverno Beijing 2022 (Foto: Wikimedia Commons)

Foi a dura rotina dos trabalhadores que levou Pyongyang a impor o veto, temendo que um evento da magnitude dos Jogos de Inverno venha a seduzir os norte-coreanos. Assim, desde que Beijing 2022 começou, a Coreia do Norte proibiu seus cidadãos em Dandong de fazerem viagens longas.

“Se eles tiverem que viajar para fora de Dandong, mesmo que precisem de suprimentos de emergência para enviar de volta à terra natal, eles precisam relatar sua intenção ao consulado com antecedência, mostrar a reserva de passagem de trem e informar ao consulado quem vão encontrar, a hora e o local da reunião”, afirmou uma fonte que pediu anonimato.

“Viajar para Beijing e arredores, onde estão acontecendo os Jogos de Inverno, é estritamente proibido. Se houver uma necessidade urgente de se encontrar com um homólogo chinês em Beijing ou nos arredores, devem viajar sob a supervisão de um acompanhante designado por um agente de segurança do Estado”, disse a fonte.

Os trabalhadores têm sido obrigados a relatar suas atividades diariamente, disse outro indivíduo que não quis se identificar. “Eles têm que relatar os detalhes de quem conheceram e o que fizeram todos os dias até o final dos Jogos Olímpicos de Inverno”, disse.

Mesmo pessoas em cargos superiores, como autoridades comerciais destacadas por Pyongyang, têm sido vigiadas de perto. “Eles temem que os oficiais do comércio e suas famílias possam entrar em contato com forças hostis, incluindo pessoas da Coreia do Sul, e isso pode levá-los a trair sua pátria durante os Jogos Olímpicos de Inverno”, afirmou a segunda fonte, dizendo ainda que os infratores e seus familiares serão punidos como “contrarrevolucionários antipartidários” em caso de infração às normas.

Estima-se que existam atualmente entre 20 mil e 80 mil norte-coreanos trabalhando na China, segundo o Departamento de Estado dos EUA. As exportações de mão de obra norte-coreana deveriam ter parado quando as sanções nucleares da ONU (Organização das Nações Unidas) congelaram a emissão de vistos de trabalho. Mas Pyongyang às vezes envia trabalhadores para China e Rússia com vistos de estudante ou turismo e, assim, contorna as sanções.

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