Após a invasão em grande escala do exército russo à Ucrânia, um total de 10.624 ucranianos buscaram refúgio na Romênia, atravessando seus seis postos de fronteira na quinta-feira (24), relatou o ministro do Interior romeno, Lucian Bode. As informações são da agência Reuters.
Segundo Bode, 3.660 deslocados passaram pela Romênia a caminho da Bulgária e da Hungria. Dos cerca de 7 mil que estão atualmente no país, apenas 11 solicitaram asilo político. Os demais têm permissão legal para permanecer por até 90 dias.
Shabia Mantoo, porta-voz da agência de refugiados da ONU (Organização das Nações Unidas), disse durante uma reunião em Genebra que pelo menos 100 mil pessoas ficaram desalojadas na Ucrânia após fugirem de suas residência, enquanto milhares já cruzaram para países vizinhos, incluindo Moldávia e Polônia.
Milhões de refugiados
A ONU projeta até 4 milhões de refugiados da Ucrânia se os ataques da Rússia contra o país continuarem, informou a rede Radio Free Europe. Segundo Mantoo, a agência de refugiados está pronta para fornecer assistência aos ucranianos que desejam fugir da guerra.
A porta-voz do escritório de direitos humanos da ONU, Ravina Shamdasani, declarou na mesma reunião desta quinta que recebeu relatos de pelo menos 127 vítimas civis na Ucrânia, “causadas por bombardeios e ataques aéreos”, incluindo 25 mortos e 102 feridos. Segundo ela, os números reais são muito maiores.
“Ainda estamos tentando ver qual infraestrutura civil na Ucrânia foi atingida e onde”, disse Afshan Khan, diretor regional do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) para Europa e Ásia Central.
Por que isso importa?
A escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia, que culminou com a efetiva invasão russa ao país vizinho na quinta-feira (24), remete à anexação da Crimeia pelos russos, em 2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo ano e se estende até hoje.
O conflito armado no leste da Ucrânia opõe o governo central às forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, que formam a região de Donbass e foram oficialmente reconhecidas como territórios independentes por Moscou. Foi o suporte aos separatistas que Putin usou como argumento para justificar a invasão, classificada por ele como uma “operação militar especial”.
“Tomei a decisão de uma operação militar especial”, disse Putin pouco depois das 6h de Moscou (0h de Brasília) de quinta (24), de acordo com o site independente The Moscow Times. Cerca de 30 minutos depois, as primeira explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, e logo em seguida em Mariupol, no leste do país, segundo a agência AFP.
Para André Luís Woloszyn, analista de assuntos estratégicos, os primeiros movimentos no campo de batalha sugerem um conflito curto. “Não há interesse em manter uma guerra prolongada”, disse o especialista, baseando seu argumento na estratégia adotada por Moscou. “Creio que a Rússia optou por uma espécie de blitzkrieg, com ataques direcionados às estruturas militares“, afirmou, referindo-se à tática de guerra relâmpago dos alemães na Segunda Guerra Mundial.
O que também tende a contribuir para um conflito de duração reduzida é a decisão da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) de não interferir militarmente. “Não creio em envolvimento de outras potências no conflito, o que poderia desencadear uma guerra mais ampla e com consequências imprevisíveis”, disse Woloszyn, que é diplomado pela Escola Superior de Guerra.
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