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domingo, 7 de novembro de 2021

China fortalece seu arsenal nuclear em um ritmo muito superior ao que se imaginava

O arsenal nuclear da China tem aumentado num ritmo muito maior que o imaginado anteriormente, levando a nação asiática a reduzir a desvantagem em relação às forças armadas dos Estados Unidos nessa área. A afirmação consta de um relatório publicado na última quarta-feira (3) pelo Pentágono, segundo a rede Voice of America.

O documento sugere que as forças armadas chinesas podem atingir a marca de 700 ogivas nucleares ativas até 2027, tendo como meta atingir mil até 2030. Para efeito de comparação, o relatório anterior do Pentágono falava em um arsenal de pouco mais de 200 dispositivos, com a possibilidade de dobrá-lo até o final da década.

Por ora, o poder de fogo da China não se compara ao dos Estados Unidos, que têm cerca de 3,8 mil ogivas nucleares e não planejam ampliá-lo. Na verdade, o arsenal norte-americano foi drasticamente reduzido nos últimos anos, considerando que em 2003 eram cerca de 10 mil dispositivos ativos. Porém, se mantiver o projeto de longo prazo, a China planeja igualar ou mesmo superar tais números até 2049.

Além de ampliar seu arsenal, a China trabalha para estabelecer uma “tríade nuclear”, segundo a agência catari Al Jazeera. A meta é desenvolver a capacidade de lançar ogivas nucleares a partir de mísseis balísticos baseados em terra, de mísseis lançados do ar e de submarinos.

Sistema de lançamento de mísseis de longa distância do exército chinês (Foto: eng.chinamil.com.cn/Liu Hengwu)

Risco de um conflito

O fortalecimento militar chinês gera preocupação entre os norte-americanos devido à questão de Taiwan. Na visão de um oficial de defesa que prefere não se identificar, tal movimento pode forçar a ilha a abandonar suas aspirações de soberania e se colocar definitivamente sob domínio do Partido Comunista Chinês (PCC). Como os EUA são o principal aliado militar de Taiwan, uma invasão de Beijing poderia desencadear um conflito entre as duas superpotências.

“Estamos obviamente preocupados com os esforços [da China] para desenvolver suas capacidades para 2027 e observando isso de perto”, disse o oficial, deixando claro que a preocupação não pode se restringir ao futuro, vez que o risco de conflito é bastante atual.

No mesmo dia em que o relatório foi divulgado, o general Mark Milley, líder da junta de chefes do Estado-Maior, cobrou uma resposta de Washington. “Se nós, os militares dos Estados Unidos, não fizermos uma mudança fundamental em nós mesmos nos próximos dez, 15 ou, 20 anos, estaremos do lado errado de um conflito”, afirmou.

Ele citou não apenas o arsenal nuclear, mas outras questões que tornaram-se prioritárias para a China no âmbito militar. Entre elas, robótica, inteligência artificial e munições de precisão. “Estamos testemunhando uma das maiores mudanças no poder geoestratégico global”, afirmou.

A China contestou o documento, segundo o site The Defense Post. “O relatório divulgado pelo Departamento de Defesa dos EUA, como relatórios semelhantes anteriores, ignora os fatos e é cheio de preconceitos”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin. Segundo ele, Washington “exagera na conversa sobre a ameaça nuclear da China”, e a verdade é que os EUA são a “maior fonte de ameaça nuclear do mundo”.

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