Nesta semana, começa a ser formulado o esboço do que pode se tornar a futura constituição da Síria. O debate envolverá 45 pessoas, entre membros do governo, da oposição e da sociedade civil. Em meio a esse processo, a ONU (Organização das Nações Unidas) divulgou um relatório do alto comissário para refugiados, Filippo Grandi. Segundo ele, “após anos de sofrimento, as famílias estão exaustas”, e as negociações de paz devem ser necessariamente acompanhadas de um aumento da assistência humanitária.
Grandi se encontrou com várias famílias sírias que voltaram para casa, após anos vivendo como deslocadas internas ou refugiadas em outros países. Ele ficou dois dias na Síria e passou pela cidade de Talbiseh, em Homs, e diz que testemunhou a “força e a determinação que [as famílias] têm para reconstruir suas vidas”. Afirmou, ainda, que a maior necessidade do país atualmente são os fornecimentos de água e de energia elétrica.
De acordo com o chefe da Acnur, escolas e hospitais precisam voltar a funcionar, e é imperativo para os sírios a criação de meios de subsistência. Parte do trabalho da agência da ONU é encontrar soluções para refugiados e deslocados internos que estão retornando para as suas cidades na Síria e ajudá-los a reduzirem a dependência de assistência humanitária.
Mais de 13 milhões de sírios ficaram desalojados com dez anos de conflito, e 350 mil morreram. Aproximadamente 6,7 milhões estão deslocados dentro do país e 5,5 milhões de pessoas estão refugiadas em cinco países vizinhos.
Mas tanto a Síria quanto as nações vizinhas estão enfrentando uma crise econômica, agravada pelos impactos da Covid-19, pela desvalorização das moedas locais e pela alta dos preços. A Acnur explica que com isso, deslocados e refugiados precisam “fazer escolhas impossíveis”.
Durante a visita à Síria, Filippo Grandi encontrou-se com o ministro das Relações Exteriores Hussein Makhlouf, para falar sobre o retorno de famílias refugiadas. O alto comissário lembrou que são cidadãos sírios, e que “o governo tem a responsabilidade de garantir a sua segurança”.
Nova Constituição
Em Genebra, o enviado especial da ONU à Spiria, Geir Pedersen, explicou que esteve reunido com representantes do governo e da oposição, que formam o Comitê Constitucional Sírio, e todos concordaram em dar início ao processo da reforma constitucional.
O comitê está reunido na cidade suíça para a sexta roda de conversas em dois anos. Nenhum progresso foi feito no último encontro, em janeiro, mas, segundo o enviado das Nações Unidas, os lados confirmaram que desta vez estão prontos para iniciar a redação do texto constitucional.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News
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