A freira colombiana Gloria Cecilia Narváez foi libertada no último sábado (9), depois de passar mais de quatro anos sequestrada por extremistas islâmicos no Mali. Inicialmente, não foram divulgadas informações sobre o eventual pagamento de um resgate pela liberdade da religiosa, segundo a rede britânica BBC.
Após a libertação, o presidente do Mali, coronel Assimi Goita, falou em “esforço combinado de vários serviços de inteligências” ao citar a libertação da freira, que por sua vez agradeceu às autoridades do país “por todos os esforços que fizeram para me libertar”.
No final de setembro, a Congregação Franciscana Maria Imaculada, da qual Narváez faz parte, lançou um apelo pela libertação dela, sob o argumento de que estava com a saúde debilitada devido às condições precárias em que vivia sob o poder dos sequestradores. Depois de ter sido libertada, Narváez viajou a Roma e se encontrou com o Papa Francisco no domingo (10).
Trabalho humanitário
Os raptores são membros do Jama’at Nasr al-Islam wal Muslimin (grupo de Apoio ao Islã e aos Muçulmanos, em tradução literal), facção da Al-Qaeda que atua no Magreb e na África Ocidental, sobretudo no Mali. No início do ano, durante um momento de descuido dos extremistas, dois reféns conseguiram fugir do cativeiro. Segundo a congregação da qual a freira faz parte, eles não foram capazes de libertá-la devido à saúde fragilizada.
Narváez faz parte de um grupo de religiosos que realizava trabalho humanitário na aldeia de Karangasso, no Mali. Em fevereiro de 2017, os extremistas invadiram o acampamento em busca de dinheiro e de uma outra mulher, mas a freira se apresentou como chefe da missão e foi sequestrada. Durante o período em cativeiro, a religiosa chegou a gravar dois vídeos como prova de vida e escreveu uma carta a parentes dizendo estar bem.
Por que isso importa?
O Mali vive um momento de instabilidade que começou com o golpe de Estado em 2012, quando vários grupos rebeldes e extremistas tomaram o poder no norte do país durante dez meses. De quebra, a nação, independente desde 1960, viveu em agosto do ano passado o quarto golpe militar na sua história.
Em meio à turbulência política, o país vive também imerso em conflitos entre militares e extremistas, uma situação que piorou em meio ao processo de redução das tropas francesas do oeste do Sahel africano, por ordem do presidente Emmanuel Macron. A Operação Barkhane teve início em 2013, e desde então 55 soldados franceses morreram em combate ou ataques terroristas. Atualmente, 5,1 mil militares do país estão ativos por lá.
Especialistas e políticos ocidentais enxergam uma geopolítica delicada na região, devido ao aumento constante da influência de grupos jihadistas. Além disso, trata-se de uma posição importante para traficantes de armas e pessoas. A retirada das tropas de Macron tende a aumentar a violência.
No Brasil
Casos mostram que o Brasil é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.
Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.
Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.
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