É crescente a suspeita dos Estados Unidos de que a anomalia classificada como Síndrome de Havana, que há cerca de cinco anos vem acometendo autoridades do país, tenha relação com ataques de microondas infligidos por uma célula do GRU, o serviço de inteligência militar russo. As informações são do jornal Washington Examiner.
Embora a inteligência norte-americana não possa apontar formalmente os responsáveis pelos incidentes, fontes ativas do governo e ex-funcionários declararam que os indícios de responsabilidade da Rússia “estão aumentando”, embora ainda considerem precipitado afirmar a autoria com convicção.
“A comunidade de inteligência lançou uma investigação em grande escala sobre as causas potenciais de eventos de saúde anômalos. O conselho está examinando uma série de hipóteses, mas não fez nenhuma conclusão sobre a causa desses incidentes ou quem é o responsável”, disse um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional.
A Síndrome de Havana consiste em uma alteração das funções cerebrais que gera dor de cabeça, enjoo, tontura e prejuízos à audição. Os primeiros casos foram identificados em 2016, em Cuba, daí o nome da enfermidade, sendo as vítimas diplomatas e outros funcionários de Washington que relataram os sintomas após ouvirem estranhos sons agudos e graves.
Na última sexta-feira (8), o presidente Joe Biden disse estar comprometido com a questão, a fim de “determinar a causa e o responsável”. E declarou: “Algumas [vítimas] estão lutando contra lesões cerebrais debilitantes que reduziram suas carreiras de serviço à nossa nação. Tratar desses incidentes tem sido uma das principais prioridades de minha administração”.
Por sua vez, William Burns, diretor da CIA (Agência Central de Inteligência, da sigla em inglês), tem sido frequentemente elogiado por estar na linha de frente do trabalho. Ele afirmou em julho que existe a “possibilidade muito forte” de que os sintomas tenham sido causados deliberadamente, citando a Rússia como responsável.
Arma sônica
Em entrevista concedida à revista eletrônica de política Slate, Michael Wilner, um correspondente sênior de segurança nacional e da Casa Branca, a serviço da rede de jornais McClatchy, disse que a Rússia é conhecida por usar tecnologias de radiofrequência, que são implantadas como uma “ferramenta de vigilância”. Para ele, isso legitima as desconfianças.
“Elas têm alcance especialmente nos países onde vimos casos relatados: Vietnã, Áustria, Reino Unido, na área de Washington e, claro, em Cuba. Os russos são conhecidos por operar e prosperar na ‘zona cinzenta’. Eles usam veneno e armas cibernéticas, e isso se encaixa nesse padrão. Por isso, há muito se suspeita que a Rússia seja a culpada mais provável”, ponderou.
Em agosto, a agenda da vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, que estava em viagem pelo sudeste asiático, sofreu uma alteração de última hora. O voo que a levaria de Singapura ao Vietnã sofreu um atraso devido à investigação de dois possíveis casos de Síndrome de Havana na comitiva.
Na semana passada, a polícia da Alemanha confirmou a existência de uma investigação para apurar possíveis casos de Síndrome de Havana registrados na Embaixada dos Estados Unidos em Berlim. As autoridades revelaram que desde agosto está em andamento um processo que analisa o “suposto ataque com arma sônica”.
Por que isso importa?
Embora a Síndrome de Havana ainda esteja cercada de incertezas e os cientistas não tenham uma posição conclusiva sobre a condição, um relatório das Academias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina dos EUA aponta que algumas das lesões cerebrais observadas eram consistentes com os efeitos da energia de microondas direcionada.
Um relatório das agências de segurança norte-americanas aponta que oficiais de inteligência e diplomatas acometidos pelo distúrbio trabalham com temas ligados à Rússia, entre eles segurança cibernética, exportação de gás e questões de interferência política.
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