As autoridades ambientais da Colômbia apreenderam, no final de setembro, mais de 3 mil barbatanas e cerca de 100 quilos de outras partes de tubarões que seriam transportadas ilegalmente para Hong Kong. De acordo com a Secretaria do Meio Ambiente colombiana, o material apreendido sugere que cerca de mil animais foram mortos, informa o site investigativo OCCRP (Projeto de Relatório de Crime Organizado e Corrupção, da sigla em inglês).
A Secretaria informou a apreensão através de sua conta no Twitter. “Inédito. No aeroporto El Dorado @Ambientbogota, foram apreendidas 3.493 barbatanas de tubarão e 117 quilos de bexigas natatórias de peixes que deveriam ser enviadas para Hong Kong. Entre 900 e 1000 tubarões foram sacrificados. Rejeição total a esse comportamento que afeta a fauna de nosso país”.
Inaudito. En el aeropuerto El Dorado @Ambientebogota incautó 3493 aletas de tiburón y 117 kilos de vejigas natatorias de pez que iban a ser enviadas a Hong Kong. Entre 900 y 1000 tiburones fueron sacrificados. Total rechazo a estas conductas que afectan la fauna de nuestro país. pic.twitter.com/ZaKX9wDWFd
— Carolina Urrutia Vásquez (@colinita) September 24, 2021
A pesca ilegal dos tubarões teria ocorrido em aguas colombianas, no Estado de Roldanillo, e o material seria transportado ilegalmente pelo aeroporto de Bogotá. Depois de chegar a Hong Kong, ao menos parte da carga teria como destino a China continental.
Hong Kong proibiu o comércio internacional de produtos retirados de espécies ameaçadas de extinção. Porém, o comércio e o consumo locais de barbatanas de tubarão e seus derivados não entram na proibição e continuam a movimentar um lucrativo mercado global que leva à morte de até 76 milhões de tubarões por ano.
Em 2020, as autoridades de Hong Kong interceptaram 26 toneladas de barbatanas de tubarão secas importadas ilegalmente, extraídas de cerca de 38,5 mil tubarões ameaçados de extinção, de acordo com a ONG Earth.org.
América do Sul
A pesca ilegal na América do Sul e e em outros países da América Latina tem sido fortemente criticada no mundo. A China, cujos pesqueiros são responsáveis pela maior fatia de pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (da sigla em inglês IUU – illegal, unreported and unregulated fishing) em todo o mundo, afirma ter implementado novas políticas e regulamentações a fim de combater a prática.
Enquanto as ações da China não apresenta resultados práticos, países latinos vêm se esforçando para resolver o problema por conta própria, invariavelmente com o suporte dos Estados Unidos. Panamá, Equador, Chile, Peru, Costa Rica e Brasil apoiam o aumento da transparência e do monitoramento através de dados abertos.
Em apoio, o governo norte-americano forneceu aos países latino-americanos quase 50 barcos desde 2015. Além disso, Washington afirma que planeja enviar 15 equipes de treinamento para qualificar os profissionais que atuam no combate à pesca ilegal nas nações latinas.
Por que isso importa?
Um estudo publicado recentemente na revista científica Nature sugere que embarcações de pesca chinesas têm atuado de maneira irregular ao pescar espécies proibidas. Um grupo de pesquisadores afirma que tubarões capturados pelo pesqueiro chinês Fu Yuan Yu Leng 999, na reserva marinha das Ilhas Galápagos, no Equador, em 2017, são de espécies ameaçadas.
Os tubarões em questão pertencem a 12 espécies classificadas como vulneráveis ou em maior risco pela União Internacional para Conservação da Natureza. Destas espécies, oito são protegidas pela Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção.
O artigo relata que o maior número de espécimes capturadas pelo Fu Yuan Yu Leng 999 foi de tubarão-seda, “a segunda espécie mais abundante nos mercados de Hong Kong e Guangzhou na China, os maiores centros varejistas de barbatanas de tubarão do mundo“. Havia também 122 tubarões-martelo, listado como “criticamente em perigo” de extinção, e 188 barbatanas de tubarão.
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