A Cepal (Comissão Econômica da ONU para América Latina e Caribe) divulgou na terça-feira (31) sua projeção econômica para a região. Para este ano, a entidade prevê um crescimento de 5,9%, mas o cenário previsto para 2022 é de desaceleração da economia, com expansão de apenas 2,9%.
A pesquisa apresentada na sede da Cepal, em Santiago, no Chile, ressalta que a crise global de saúde agravou os problemas estruturais da região, como baixa produtividade, falta de investimentos, desocupação, desigualdade e pobreza.
Para que a América Latina e o Caribe tenham crescimento sustentável, dinâmico e inclusivo, a Cepal sugere aumento dos investimentos e criação de empregos, com ênfase em setores ambientalmente sustentáveis.
De acordo com a Cepal, na base do crescimento deste ano estão fatores como a baixa base de comparação depois da contração de 6,8% registrada em 2020.
O período também está sendo marcado por efeitos positivos da demanda externa e da alta nos preços dos produtos básicos exportados pela região, bem como de aumentos na demanda agregada.
Capacidade
A secretária-executiva da Cepal, Alicia Bárcena, chamou a atenção para as assimetrias ainda existentes entre os países desenvolvidos e as nações de renda média. Ela mencionou tanto a dinâmica da vacinação, como a capacidade de implementar políticas para a recuperação econômica.
Para manter as políticas fiscais e monetárias expansivas, Bárcena recomenda aos países que complementem os recursos internos com um maior acesso à liquidez internacional e com mecanismos multilaterais que facilitem a gestão da dívida.
Outra sugestão é a promoção de iniciativas multilaterais para enfrentar as incertezas sobre a vacinação e o acesso dos países em desenvolvimento a financiamento em condições adequadas.
O documento da Cepal cita também problemas estruturais, que por décadas limitaram o crescimento econômico da região e “se agravaram com a pandemia, limitando a recuperação da atividade econômica”.
Crise no mercado de trabalho
Antes da pandemia, o cenário econômico regional caminhava para a estagnação. Entre 2014 e 2019, a taxa média de crescimento foi 0,3%, menor do que a média do período de seis anos entre a Primeira Guerra Mundial, 0,9%, e a Grande Depressão, em torno de 1,3%.
A queda do investimento observada em 2020 atingiu num de seus níveis mais baixos nas últimas três décadas, ao se situar em 17,9% do Produto Interno Bruto, PIB. A produtividade do trabalho teve uma queda significativa.
A Cepal ressalta que ano passado, a pandemia desencadeou a maior crise dos mercados de trabalho da América Latina e do Caribe desde 1950, sendo os mais afetados pela crise gerada pela Covid-19.
Mulheres e Jovens
O número de pessoas trabalhando caiu 9% em 2020, e a Comissão prevê que a recuperação esperada para 2021 não permitirá atingir os níveis pré-crise.
A crise causada pela pandemia também provocou uma forte queda na participação do trabalho, principalmente para as mulheres. A participação feminina atingiu 46,9%, um retrocesso em relação aos níveis de 2002.
A chefe da Cepal defende mais políticas para promover a inserção laboral de mulheres e dos jovens e a ampliação dos programas de criação de emprego.
Além disso, a região requer mais investimentos em setores que podem reduzir a pegada ambiental, como o de energias renováveis, mobilidade sustentável nas cidades, revolução digital, indústria manufatureira da saúde, economia circular e turismo sustentável.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News
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