O presidente norte-americano Joe Biden assinou nesta sexta-feira (17) uma ordem executiva que autoriza eventuais futuras sanções contra as partes envolvidas no conflito em Tigré, no norte da Etiópia. As informações são da rede CNN.
A medida é uma forma de pressão de Washington sobre as partes do conflito, a fim de que adotem uma postura menos belicista, negociem um cessar-fogo e permitam o acesso de ajuda humanitária à região. Segundo Biden, o processo precisa ser rápido, uma questão de “semanas, não meses”, disse ele.
Um comunicado assinado pelo líder norte-americano afirma que “o conflito em curso no norte da Etiópia é uma tragédia que causa imenso sofrimento humano e ameaça a unidade do Estado etíope”. E prossegue: “Os Estados Unidos estão determinados a pressionar por uma solução pacífica para este conflito e fornecerão total apoio aos que liderarem os esforços de mediação”.
Biden se dirigiu também às forças da Eritreia, que têm dado suporte ao exército etíope contra os rebeldes de Tigré. “Eu me junto aos líderes de toda a África e de todo o mundo para exortar as partes no conflito a interromperem suas campanhas militares, respeitarem os direitos humanos, permitirem o acesso humanitário desimpedido e virem à mesa de negociações sem pré-condições. As forças da Eritreia devem se retirar da Etiópia”, afirmou Biden.
Já o Secretário de Estado Antony Blinken afirmou que, se o processo de paz não for iniciado, “os Estados Unidos designarão em breve líderes, organizações e entidades específicas sob este novo regime de sanções”. Uma lista de indivíduos e organizações que viriam a sofrer as sanções econômicas já teria sido elaborada.
Troca de acusações
Do lado etíope, o primeiro-ministro Abiy Ahmed escreveu uma carta aberta a Biden, na qual afirma que as ações de seu governo na região de Tigré “são continuamente deturpadas” e atribui a culpa pelo conflito à TPLF (Frente de Libertação do Povo Tigré), partido político local com um braço armado.
Os rebeldes, por sua vez, alegam que os combates têm como objetivo forçar o governo a desbloquear as rotas de passagem de ajuda humanitária para a região norte da Etiópia, onde cerca de 400 mil pessoas sofrem com a escassez de alimentos e de outros suprimentos essenciais.
Por que isso importa?
A região de Tigré, no extremo norte da Etiópia, está imersa em conflitos desde novembro, quando disputas eleitorais levaram Addis Abeba a determinar a tomada das instituições locais. A disputa opõe a TPFL às forças de segurança nacionais da Etiópia, amparadas pelo exército da vizinha Eritreia.
Os militares chegaram a reconquistar Tigré, mas os rebeldes viraram o jogo e começaram a ganhar território. No final de junho, eles anunciaram um processo de “limpeza” para retomar integralmente o controle da região e assumiram o comando de Mekelle, a capital regional.
Pouco após a derrota do exército, o governo da Etiópia decretou um cessar-fogo e deixou Tigré. Os soldados do exército da Eitreia, que apoia Addis Abeba, também deixaram de ser vistos por lá. Agora, com o avanço dos rebeldes, que já conquistaram as províncias vizinhas de Afar e Amhara, o exército foi enviado novamente para apoiar as tropas locais.
Em meio à disputa entre rebeldes e governo, a região enfrenta uma campanha que gera fome e violência e já deteriorou as condições de vida de cinco milhões de civis.
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