A Rússia ameaçou bloquear o YouTube nesta quarta-feira (29) caso dois canais estatais em alemão, excluídos por violarem as diretrizes de desinformação sobre a Covid-19, não fossem restaurados. As informações são da rede BBC.
A ameaça vem junto de uma acusação de censura à plataforma de vídeos feita pela Roskomnadzor, órgão regulador de internet e dos meios de comunicação do país. A medida seria uma retaliação à remoção feita pelo YouTube nesta terça-feira (28) dos canais RT DE e DFP (Der Fehlende Part), da russa RT. Moscou se diz uma vítima da “russofobia” apoiada pelos EUA, que estaria tentando “silenciar” sua voz no exterior.
Segundo as autoridade russas, a RT já havia sido notificada pelo YouTube por conta de violação sobre informações relacionadas à pandemia.
Inclusive uma suspensão de postagem por uma semana na plataforma foi dada como penalidade.
Nesse período, a RT, passando por cima da determinação, usou o DFP para subir conteúdo, que também violava essas políticas. Como resultado, ambos canais foram excluídos pela plataforma.
As novas regras do YouTube são baseadas em diretrizes que determinam que qualquer vídeo que contenha desinformação sobre qualquer vacina aprovada por autoridades de saúde será removido. “O YouTube sempre teve diretrizes claras da comunidade que descrevem o que é permitido na plataforma”, disse um porta-voz. Além do popular sites de vídeos do Google, o Kremlin ameaçou retaliações a veículos de mídia alemães com atuação dentro da Rússia. O Ministério das Relações Exteriores alega que a a medida “não apenas parece apropriada, mas se mostra necessária”.Própria internet
Paralelo a isso, o Kremlin vem pressionando as gigantes da tecnologia e incentivando o desenvolvimento de uma alternativa russa ao YouTube. As autoridades estão colocando suas esperanças no RuTube, um projeto financiado pelo grupo de mídia Gazprom, controlado por amigos próximos do presidente Vladimir Putin.
De acordo com artigo do jornal The Washington Post, Putin deseja que seus súditos confiem em serviços e aplicativos russos, para se comunicarem por meio de plataformas de mídia social russas, assistirem a vídeos em plataformas russas e pesquisarem informações usando serviços russos. Dessa forma, ele espera, eles dependerão da versão da realidade que as autoridades russas desejam promover.
Mortes por Covid aumentam na Rússia
Na terça (28), a Rússia relatou aumento no número de óbitos por Covid-19 em um único dia. Segundo o
centro de resposta ao coronavírus do país, foram 852 mortes relacionadas à doença registradas, informou a rede CNN. O recorde anterior havia sido registrado em 24 de setembro, com 828 mortes. De acordo com dados da Universidade John Hopkins, o país é um dos mais afetados pela pandemia no mundo, ocupando o sétimo lugar no ranking de maior número de casos. Os russos enfrentam uma terceira onda de infecções tida como devastadora.Lista de agentes estrangeiros atualizada
O The Moscow Times informou que as autoridades russas declararam nesta quarta-feira (29) o site de notícias independente Mediazona e a ONG OVD-Info, que registra prisões durante as manifestações da oposição, como “agentes estrangeiros”, que serve para rotular o que seriam organizações envolvidas em atividades políticas financiadas pelo exterior.
O Ministério da Justiça também acrescentou o editor-chefe do Mediazona, Sergei Smirnov, e seu cofundador Pyotr Verzilov, à lista de de “agentes estrangeiros”. O veículo, fundada em 2014 por membros do grupo ativista punk Pussy Riot, é especializado no monitoramento de processos judiciais relacionados à oposição e também tem foco na cobertura de casos de brutalidade policial.
Já a ONG OVD-Info cobre direitos humanos e perseguição política na Rússia.
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