A Tábua de Gilgamesh, uma das mais antigas obras literárias da história ainda existentes, deve ser devolvido ao Iraque pelos Estados Unidos no final desta semana, segundo a Unesco (Agência das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura. Feito de argila e com valor incalculável, o artefato apresenta inscrições em sumério, uma civilização da antiga Mesopotâmia.
O tesouro de 3,5 mil anos foi retirado de um museu no Iraque após o início da Guerra do Golfo, em agosto de 1990. Em 2007, foi introduzido de forma fraudulenta no mercado de arte dos Estados Unidos e teria sido adquirido em 2014 pela rede de varejo de artesanato Hobby Lobby, para exposição no Museu da Bíblia, em Washington DC, que recebe financiamento da família do proprietário da empresa.
O Departamento de Justiça dos EUA anunciou, em julho, que estava ordenando a entrega oficial da tábua, por ter entrado nos Estados Unidos “contrariando a lei federal”, informando que agentes federais haviam apreendido o artefato do museu, em setembro de 2019.
Agora será formalmente devolvido ao Iraque em uma cerimônia no Smithsonian Institution em Washington DC nesta quinta-feira (23).
“Ao devolver esses objetos adquiridos ilegalmente, as autoridades aqui nos Estados Unidos e no Iraque estão permitindo que o povo iraquiano se reconecte com uma página de sua história”, disse a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay. “Esta restituição excepcional é uma grande vitória sobre aqueles que mutilam o patrimônio e, em seguida, traficam para financiar a violência e o terrorismo.”
A tábua, com suas impressões cuneiformes em forma de cunha, contém seções de um poema épico sumério no qual o herói, Gilgamesh, conta seus sonhos para sua mãe.
Algumas das histórias são espelhadas no Antigo Testamento – por exemplo, a referência ao Grande Dilúvio – tornando-o um dos mais antigos textos religiosos conhecidos do mundo, segundo a Unesco.
A agência da ONU disse que outros 17 mil artefatos dos EUA serão devolvidos ao Iraque após a cerimônia.
Roubo de arte
De acordo com a Interpol, houve um aumento global considerável na destruição do patrimônio cultural devido ao conflito armado na última década. A Unesco observou que as autoridades dos Estados Unidos, que representam cerca de 44% do mercado global de arte, fizeram um progresso significativo no combate a artefatos roubados nos últimos anos.
Com a ajuda de legislação aprimorada e assistência de instituições culturais importantes, a Unidade de Tráfico de Antiguidades dos EUA ajudou a devolver itens valiosos aos povos de Paquistão, Camboja, Tailândia, Nepal e Sri Lanka já neste ano, disse a agência da ONU (Organização das Nações Unidas).
“Os Estados Unidos valorizam profundamente a herança cultural do Iraque”, disse Stacy White, vice-secretária adjunta para Assuntos Educacionais e Culturais do Departamento de Estado dos EUA, que falará no evento Smithsonian.
“Trabalhamos por quase 20 anos com colegas iraquianos e instituições acadêmicas e sem fins lucrativos americanas para proteger, preservar e honrar a rica herança cultural do Iraque.”
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News
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