Alexei Navalny, o opositor número um do Kremlin, virou nesta terça-feira (28) alvo de um novo processo criminal, que o acusa de “extremismo” e pode render a até uma década na prisão, segundo o portal Swissinfo.
Em fevereiro deste ano, Navalny foi julgado e condenado a dois anos e meio de prisão por violar uma sentença suspensa de 2014, quando foi acusado de fraude. Agora, o novo caso aponta o maior oponente político de Vladimir Putin como suspeito de fundar e liderar um grupo extremista.
Em comunicado publicado em seu site, o Comitê de Investigação da Rússia, órgão que analisa crimes graves, classificou as atividades de Navalny e de seus aliados nos últimos anos como “criminosas”.
“As atividades ilegais do grupo extremista visavam desacreditar as autoridades do Estado e suas políticas, desestabilizando a situação nas regiões, criando um clima de protesto entre a população e tentando formar uma opinião pública sobre a necessidade de uma violenta mudança de poder, [e] organizar e realizar ações de protesto que se transformam em tumultos em massa”, disse a nota.
Depois que um tribunal determinou em junho que seus ator eram “extremistas e destinados a provocar agitação social”, diversos partidários de Navalny deixaram o país. Entre eles Ivan Pavlov, ex-diretor da FBK (Fundação Anticorrupção) de Navalny e advogado de direitos humanos; Kira Yarmysh, porta-voz do político que foi para a Finlândia; e a condenada a prisão domiciliar Lyubov Sobol, importante aliada do oposicionista que reapareceu após especulações sobre sua fuga.
Sobol escreveu no Twitter que as acusações contra ela e seus correligionários soam absurdas. “Os crimes dos meus colegas: participaram de eleições, investigaram a corrupção de altos funcionários e participaram de protestos pacíficos e escreveram no Twitter”, ironizou.
«Преступления» моих коллег: участвовал в выборах, расследовал коррупцию топ-чиновников, выходил на мирные акции протеста, писал в твиттере… https://t.co/mxXnrZMeiR
— Соболь Любовь (@SobolLubov) September 28, 2021
Ela disse que o novo caso mostra o quanto Putin teme Navalny, alegação que o Kremlin rejeita.
O governo russo afirma que irá manter e, em alguns casos, intensificar a abordagem dura com os críticos internos e externos, bem como organizações que sejam consideradas uma ameaça à estabilidade da nação.Por que isso importa?
Navalny ganhou destaque internacional ao organizar manifestações e concorrer a cargos públicos na Rússia. A principal plataforma do oposicionista é o combate à corrupção no governo Putin, em virtude da qual ele uma cobra profunda reforma na estrutura política do país.
Em agosto de 2020, durante viagem à Sibéria, Navalny foi envenenado e passou meses se recuperando em Berlim. Voltou a Moscou em janeiro de 2021 e foi preso ainda no aeroporto. Em fevereiro, foi julgado e condenado a dois anos e meio de prisão por violar uma sentença suspensa de 2014, quando foi acusado de fraude. Promotores alegaram que ele não se apresentou regularmente à polícia em 2020, justamente quando estava em coma pela dose tóxica.
Encarcerado em uma colônia penal de alta segurança, ele chegou a fazer uma greve de fome de 23 dias em abril, para protestar contra a falta de atendimento médico. Em junho de 2021, um tribunal russo proibiu os escritórios regionais de Navalny e sua Fundação Anticorrupção de funcionarem, classificando-as como “extremistas”.
Em agosto, a Justiça russa abriu uma nova acusação criminal contra o oposicionista, o que pode ampliar a sentença de prisão dele em três anos. Agora, o principal opositor de Putin é acusado de “incentivar cidadãos a cometerem atos ilegais”, por meio da Fundação Anticorrupção (FBK) que ele criou.
Caso seja condenado a mais três anos de cárcere, Navalny seria mantido sob custódia no mínimo até o fim da próxima eleição presidencial, em 2024, quando chega ao fim o atual mandato de seis anos de Vladimir Putin no Kremlin.
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