Forças militares da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) anunciaram no sábado (18) a derrubada de uma base do Estado Islâmico (EI) no distrito de Macomia, na província de Cabo Delgado, ao norte de Moçambique. A região é reduto de rebeldes islâmicos e palco de conflitos entre terroristas e tropas do país e de Ruanda. As informações são do portal All Africa.
Comunicado oficial da Missão da SADC em Moçambique relatou que o local, conhecido como “Base Sheikh Ibrahim”, era usado como um campo de treinamento para insurgentes da organização. Foi encontrada e apreendida na estrutura uma grande quantidade de equipamentos deixados pelos extremistas do EI, incluindo armamento pesado e material de propaganda, como manuais e vídeos de formação.
“Esta descoberta irá fornecer mais informações sobre as operações do grupo insurgente e dar aos países da SADC indicações sobre o nível da ameaça de terrorismo e extremismo na região”, disse o documento.
Durante a operação, três mulheres idosas mantidas presas pelos jihadistas foram resgatadas e entregues às autoridades moçambicanas.
Também no distrito de Macomia, 15 membros do EI foram capturados após abandonarem uma outra base na vila de Quiterajo, rendendo-se às forças de defesa moçambicanas. De acordo com a descrição dada pelos desertores, essa seria a base principal dos terroristas, onde vivem os líderes do grupo.
Já no distrito de Quissanga, extremistas assassinaram brutalmente cinco pessoas na aldeia de Namaluco na quinta-feira passada (16). Os responsáveis seriam integrantes de um grupo em fuga das tropas moçambicanas e ruandesas no posto administrativo de Mbau, no distrito de Mocímboa da Praia.
Os terroristas desalojados das bases podem estar em fuga estratégica para a capital provincial, Pemba, na esperança de se misturarem com as dezenas de milhares de pessoas deslocadas que vivem na cidade.
Por que isso importa?
Os conflitos na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, deixaram mais de 750 mil pessoas na dependência de ajuda humanitária. A região está sob controle do EI, e as forças nacionais de segurança aguardam apoio militar estrangeiro para tentar derrotar definitivamente a milícia jihadista.
A ONU (Organização das Nações Unidas) estima que cerca de US$ 121 milhões sejam necessários para apoiar 750 mil pessoas na região de Cabo Delgado, até o final deste ano. O PMA (Programa Mundial de Alimentos) alega que, sem o dinheiro, “uma das crises de deslocamento de crescimento mais rápido no norte de Moçambique corre o risco de se tornar uma emergência de fome”.
“O conflito destruiu os empregos, as vidas e as esperanças dos moçambicanos para o futuro. Os insurgentes destruíram famílias, queimando suas casas, traumatizando crianças e matando pessoas”, afirma o chefe do PMA, David Beasley.
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