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quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Países menos avançados podem levar até cinco anos para voltar ao PIB pré-pandemia

Os Países Menos Avançados (PMAs) continuarão à margem da economia global se não houver um impulso à atividade econômica e um maior apoio internacional. Serão necessários entre três e cinco anos, numa projeção otimista, para que essas nações recuperem o nível do PIB (Produto Interno Bruto) per capita que tinham em 2019. Os dados são da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento). 

Angola está entre os 46 PMAs. A saída do grupo estava prevista para este ano, mas a recessão prolongada e o surto de Covid-19 levaram ao adiamento da preparação, que só deverá ser concluída agora em 2024.

Rolf Traeger, chefe da sessão de países menos avançados da Unctad, destacou dados do relatório sobre países de língua portuguesa. “No campo de combate à pobreza isso exige um crescimento muito grande. Por exemplo, estima-se que, para Angola zerar a pobreza até 2030, deveria investir US$ 45 bilhões, como investimento total da economia angolana, nos próximos dez anos”.

“Se nós traduzimos isso em termos de necessidades de crescimento econômico para erradicar a pobreza até 2030, que é a primeira das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, São Tomé e Príncipe deveria crescer a uma taxa média de 11% ao ano durante os próximos dez anos, e Guiné-Bissau devia crescer 7% ao ano nos próximos dez anos para conseguir erradicar a pobreza até 2030.”

Comunidade de Lubango, na Angola, em julho de 2008 (Foto: CreativeCommons)

De acordo com a Unctad, a capacidade do grupo de países para responder e se recuperar de crises como a pandemia depende do aumento da capacidade de produção. Outro desafio é avançar em direção ao desenvolvimento sustentável.

O relatório recomenda que “de uma forma mais específica haja um aumento do investimento estatal e das capacidades produtivas” para essas economias.

Apoio dos países ricos

A secretária-geral da Unctad, Rebeca Grynspan, enfatiza a etapa crítica que estes países enfrentam, na qual carecem de apoio internacional para desenvolver capacidades produtivas e institucionais contra os “desafios tradicionais e novos”. 

Seria necessário a disponibilização de recursos, habilidades empresariais e vínculos de produção. Juntos, estes fatores determinam a capacidade de um país de produzir bens e serviços e permitir seu crescimento e desenvolvimento. 

Com um avanço na produção, espera-se que os PMAs alcancem “uma transformação econômica estrutural, que ajudará a reduzir a pobreza e acelerar o progresso em direção aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”. 

O relatório adverte ainda que alcançar as metas globais exigirá investimentos e gastos em grande escala. Estes recursos “vão muito além dos próprios meios financeiros dos PMAs”.

Vacinação contra a Covid-19 via Covax em Kampala, Uganda, março de 2021 (Foto: Unicef/Adrian Musinguzi)

Em 2020, estas economias registraram o pior desempenho de crescimento em cerca de três décadas. A pandemia expôs deficiências institucionais, econômicas e sociais, destaca o relatório. 

A fraca resiliência do grupo foi refletida nas baixas taxas de vacinação. Apenas 2% da população total foi imunizada, em comparação com mais de 41% nos países avançados.

O relatório estima que o investimento médio anual necessário para atingir a meta de crescimento de 7% do ODS é de cerca de US$ 462 bilhões.  Para que o investimento anual ajude a acabar com a pobreza extrema, como está definido no ODS, os PMAs devem dispor de US$ 485 bilhões. 

Já o investimento anual médio para duplicar a participação da indústria no PIB nesses países, tal como prevê o ODS, é estimado em mais de US$ 1 trilhão. 

Para gerar fundos suficientes para o desenvolvimento, os PMAs precisarão fortalecer suas capacidades fiscais, aumentar a mobilização de recursos internos e melhorar a eficácia dos gastos públicos. 

Ainda assim, a comunidade internacional terá um papel essencial a desempenhar no apoio aos PMAs em seus esforços para mobilizar financiamento adequado para suas necessidades de desenvolvimento sustentável. 

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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