O governo do Reino Unido anunciou na terça-feira (21) que um terceiro agente russo, Denis Sergeev, foi formalmente acusado pelo envenenamento do ex-espião Sergei Sklripal e da filha dele, Yulia, ocorrido em Salisbury, na Inglaterra, em 2018. As informações são da agência Reuters.
Skripal morreu envenenado por novichok, uma substância neurotóxica desenvolvida pela União Soviética nas décadas de 1970 e 1980. Yulia e um agente de polícia britânico, Nick Bailey, também foram contaminados, mas conseguiram se recuperar.
As acusações iniciais recaíram sobre os coronéis Alexander Mishkin e Anatoly Chepiga, ambos membros da Unidade 29155 do GRU, o Departamento Central de Inteligência da Rússia.
Skripal era um agente duplo e teria vendido segredos militares russos a autoridades britânicas. A morte dele levou a uma crise diplomática entre Moscou e Londres que culminou com as expulsões recíprocas de diplomatas pelas duas nações.
Uma cidadã britânica, Dawn Sturgess, morreu acidentalmente quatro meses depois de Skripal, quando o namorado dela casualmente encontrou um frasco que parecia de perfume, mas continha o perigoso agente tóxico.
Heróis da Rússia
Em 2014, o presidente Vladimir Putin condecorou os agentes Mishkin e Chepiga com o prêmio “Heróis da Rússia”, o mais importante do país, pela atuação em uma operação secreta na República Tcheca e Bulgária. Em seguida, os espiões receberam apartamentos em áreas nobres de Moscou.
Registros telefônicos indicam que os agentes mantinham contato frequente com o gabinete do ministro Sergei Lavrov, que comanda as Relações Exteriores da Rússia. Os contatos continuaram antes e depois do ataque a Skripal.
Os espiões também se reportam diretamente ao comandante do GRU Andrey Averyanov, de quem Chepiga chegou a ser convidado de honra em um casamento familiar.
Por que isso importa?
O governo russo tem sofrido seguidas acusações de coordenar o envenenamento de opositores. Em outro caso semelhante ao de Skripal, o ex-espião russo Alexander Litvinenko morreu envenenado por polônio, um elemento radioativo altamente tóxico.
O novichok, por sua vez, foi usado contra o político da oposição Alexei Navalny, que foi preso pelo governo russo em janeiro deste ano, no exato momento em que retornava da Alemanha após cinco meses de recuperação médica em função do envenenamento.
Em fevereiro, um tribunal condenou Navalny a dois anos e meio de prisão por violar uma sentença suspensa de 2014, quando foi acusado de fraude. Promotores alegaram que ele não se apresentou regularmente à polícia em 2020, justamente no período em que estava em coma pela dose tóxica.
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