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terça-feira, 21 de setembro de 2021

Corte Europeia responsabiliza a Rússia por envenenamento de ex-espião em Londres

A ECHR (Corte Europeia de Direitos Humanos, da sigla em inglês) considerou o governo da Rússia responsável pelo envenenamento e consequente morte do ex-espião russo Alexander Litvinenko, ocorrido em novembro de 2006, em Londres. As informações são do jornal português Público.

Embora as investigações da Scotland Yard nunca tenham confirmado o envolvimento de Moscou no assassinato, um inquérito de 2015 indica que o envenenamento foi obra de dois agentes russos, Andrey Lugovoy e Dmitry Kovtun.

O próprio Litvinenko, embora bastante debilitado, ajudou a polícia britânica a associar o polônio usado no crime a Lugovoy, antigo colega da FSB (Agência de Segurança Federal, da sigla em inglês), herdeira da antiga KGB dos tempos de União Soviética.

Segundo a decisão anunciada pela ECHR nesta terça-feira (21), “existe uma forte presunção” de que os dois autores do envenenamento “atuaram como agentes do Estado russo”. A decisão afirma, ainda, que Moscou não forneceu uma justificativa “satisfatória e convincente”, nem “refutou as conclusões do inquérito público britânico”. As autoridades russas também “não realizaram uma investigação interna eficaz” na tentativa de identificar os autores do crime.

Alexander Litvinenko foi enterrado no Cemitério Highgate, em Londres (Foto: Flickr)

Litvinenko foi expulso da FSB por Vladimir Putin após acusar Moscou de mandar matar o empresário russo Boris Berezovsky, de quem se tornou amigo. Berezovsky teria ajudado o ex-agente e a mulher dele, Marina, a fugirem para a Inglaterra em 2006. Ele, então, se naturalizou britânico.

No dia 1º de novembro de 2006, Litvinenko adoeceu repentinamente e foi internado em Londres. Os exames posteriormente apontaram envenenamento por polônio, um elemento radioativo altamente tóxico. Ele morreu no dia 23 daquele mesmo mês.

Por que isso importa?

O governo russo tem sofrido seguidas acusações de coordenar o envenenamento de opositores. Num dos casos mais célebres, dois espiões russos são acusados de envenenarem o agente duplo Sergei Skripal e sua filha, Yulia , em Salisbury, no Reino Unido, em 2018, com uma dose tóxica de novichok. O agente nervoso era comum na perseguição a inimigos da era soviética.

O novichok também foi usado contra o político da oposição Alexei Navalny, que foi preso pelo governo russo em janeiro deste ano, no exato momento em que retornava da Alemanha após cinco meses de recuperação médica em função do envenenamento.

Em fevereiro, um tribunal condenou Navalny a dois anos e meio de prisão por violar uma sentença suspensa de 2014, quando foi acusado de fraude. Promotores alegaram que ele não se apresentou regularmente à polícia em 2020, justamente no período em que estava em coma pela dose tóxica.

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