Yuriy Vitrenko, CEO da Naftogaz, maior empresa nacional de petróleo e gás da Ucrânia, acusou a russa Gazprom de utilizar o gás natural como uma arma geopolítica, informou a rede CNBC. A Europa enfrenta enorme crise no setor, que elevou preços para níveis preocupantes nos lares europeus.
Após fazer a denúncia, ele instou os EUA e Alemanha para que tomem medidas contra Moscou, enquanto a aprovação regulatória para o controvertido projeto do gasoduto Nord Stream 2 é aguardada.
A crítica surge menos de uma semana depois de a Agência Internacional de Energia (IEA, da sigla em inglês) ter pedido à Rússia para que enviasse mais gás à Europa, de forma a aliviar a escassez do produto, problema que já fez os preços dispararem mais de 250% desde janeiro.
O posicionamento da IEA na terça-feira (21) foi interpretado como uma incomum repreensão ao Kremlin e corrobora a narrativa de que Moscou teria responsabilidade na crise energética no continente.
Para Vitrenko, a empresa de energia Gazprom, controlada pela Rússia, estaria manipulando a crise energética para inaugurar o mega gasoduto Nord Stream 2. A obra, concluída no início deste mês, integra a estrutura do Nord Stream 1 e adicionará mais 55 bilhões de metros cúbicos de suprimento de gás por ano, ou cerca de 11% do consumo total anual da União Europeia (UE).
Críticos sustentam que o novo gasoduto não é compatível com as metas climáticas europeias, acentua a dependência das exportações russas de energia e potencialmente irá fortalecer a influência exercida pelo presidente Vladimir Putin na região.
“Arma geopolítica”
Vitrenko afirma que a Gazprom está deliberadamente retendo o gás que poderia ir para a Europa, bloqueando o acesso ao sistema de transmissão de gás para a Ucrânia de outras empresas russas e embargando as exportações da Ásia Central que poderiam chegar à Ucrânia, através da Rússia.
“Este é um sinal muito claro de que [os russos] utilizam o gás como uma arma geopolítica”, alertou o executivo.
O Nord Stream 2 foi projetado para fornecer gás russo diretamente para a Alemanha através do Mar Báltico, contornando a Ucrânia e a Polônia. Apesar de ser propriedade da Gazprom, outras cinco empresas europeias investiram metade dos recursos para o oleoduto – Shell, Uniper, OMV, Wintershall e Engie.
De saída do cargo após 16 anos, a chanceler alemã Angela Merkel procurou amenizar as preocupações sobre o gasoduto durante visita a Kiev, em agosto. Segundo ela, sanções podem ser impostas contra Moscou se o gás estiver sendo usado “como arma”.
Por que isso importa?
A relação entre ucranianos e russos piorou sensivelmente com a questão da Crimeia, península anexada à força por Moscou em março de 2014. A anexação ocorreu após a deposição do então presidente ucraniano Viktor Yanukovych, apoiado pelo Kremlin, e um consequente plebiscito que aprovou a anexação pela Rússia.
Desde a anexação, considerada ilegal pela ONU (Organização das Nações Unidas), instituições de direitos humanos denunciam a resposta agressiva da Rússia aos ativistas e civis da região. Segundo o embaixador da Ucrânia na ONU, Sergiy Kyslytsya, há relatos de prisões “motivadas politicamente” todos os dias.
O governo russo também apoia os separatistas que enfrentam as forças de Kiev na região leste da Ucrânia desde abril de 2014. O conflito já matou mais de 13 mil pessoas.
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