Este conteúdo foi publicado originalmente pelo Jornal da USP (Universidade de São Paulo)
Após o golpe militar em Mianmar, a população saiu às ruas, num movimento de desobediência civil que, segundo a professora Marília Fiorillo, jamais foi visto por lá.
O fato é que centenas de milhares de pessoas foram às ruas nas principais cidades, mas de forma pacífica, “em que as táticas empregadas fala muito sobre a geração que lidera esse movimento: painéis de arte, pichações, adesivos colocados em toda parte, gente deitada nas linhas de trem e, principalmente, a tática do carro quebrado”.
Uma mobilização inesperada, que rendeu a prisão de cerca de 500 pessoas.
“A grande novidade, a maior delas, foram os cartazes pedindo desculpas pelo massacre dos rohingya”, sublinha Marília, não sem antes lembrar que a solidariedade com as minorias é completamente inédita naquele país.
Ela acrescenta que o general que comandou o golpe prometeu na TV repatriar os rohingya para uma província, mas, ao mesmo tempo, a colunista lembra que os militares que promoveram o massacre são acusados de genocídio, razão pela qual “os representantes dos rohingya no exílio consideram esse aceno uma armadilha e temem que a repatriação seja apenas para chinês ver.”
Por fim, conclui: “Seria temerário prever a evolução dos acontecimentos, mas essa iniciativa dos jovens para mudar a opinião pública sobre as invisíveis minorias, dando-lhes cidadania, é talvez o fato mais importante dessas manifestações. A sociedade birmanesa começa a desejar não só uma democracia, mas uma democracia inclusiva”.
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