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quarta-feira, 17 de março de 2021

Por vacina da Covid-19, Paraguai estuda criar laços diplomáticos com a China

O Paraguai pode inaugurar relações diplomáticas com a China para garantir vacinas contra a Covid-19, informou o jornal “The Japan News”. O país integra o pequeno grupo de latino-americanos que não têm laços com Beijing, ao lado de Guatemala e Honduras.

Até agora, Assunção mantém relações com Taiwan – situação que tende a se reverter caso as negociações com o governo chinês se alinhem. A questão taiwanesa é primordial para Beijing, que reivindica a noção de “uma só China” ao negar a independência de Taipé.

A escassez de vacinas já motiva o governo paraguaio a acelerar negociações pelo acesso às doses chinesas. “Esta é uma situação de emergência, por isso não estaremos vinculados ao protocolo diplomático”, disse o chanceler Euclides Acevedo no final de fevereiro. “O importante é obter a vacina”.

Por vacina da Covid-19, Paraguai estuda inaugurar laços diplomáticos com a China
Profissional da saúde recebe uma das poucas doses da vacina à Covid-19 em Assunção, Paraguai, fevereiro de 2021 (Foto OPAS/OMS/Twitter)

O Paraguai vive o maior surto de Covid-19 desde o início da pandemia. O país, de sete milhões de habitantes, somou 1,9 mil novas confirmações do vírus nesta terça (16) – cifra proporcionalmente próxima à do Brasil.

Enquanto outras nações latinas recebem remessas expressivas de vacinas, os paraguaios só obtiveram quatro mil doses da vacina russa e 20 mil doses chinesas fornecidas pelo Chile. Santiago, por outro lado, já recebeu oito milhões de imunizantes da China.

Inserido na iniciativa Covax, o Paraguai deve receber 36 mil doses no primeiro turno de entregas. Enquanto isso, a disseminação do vírus ganha força: já são 183 mil casos confirmados e pouco mais de 3,5 mil mortes pelo vírus.

A ausência de vacinas e o iminente colapso no sistema de saúde fez com que centenas de paraguaios fossem às ruas para exigir a renúncia do presidente Mario Abdo Benitez desde o início do mês.

Paraguai e Taiwan

Experiências semelhantes de intimidação por parte dos gigantes vizinhos pavimentaram as relações entre Assunção e Taipé em 1957. Enquanto Taiwan buscava se desvencilhar da China, o Paraguai ainda vivia efeitos da guerra contra Brasil, Argentina e Uruguai, que terminou em 1870 após a morte de dois terços da população paraguaia.

A chamada “diplomacia de vacinas” da China, porém, coloca esse vínculo bilateral à prova. Em abril de 2020, a oposição no Paraguai apresentou um projeto para estabelecer relações com os chineses a fim de obter mais suprimentos no combate à Covid-19.

Uma maioria de 25 parlamentares rejeitou a resolução, aprovada por 16. Na segunda (16), a China anunciou que deve “simplificar o processo de inscrição” aos que quiserem “retomar as trocas interpessoais” e divulgarem o recebimento de uma das várias vacinas fabricadas no país.

Apesar de Beijing negar o uso dos imunizantes como ferramenta de diplomacia ou pressão política, muitas nações receberam a mensagem como uma possibilidade de aprofundar os laços econômicos com os chineses, avalia o “The Washington Post”. Ainda não está claro como acontecerá o processo de inscrição.

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