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quarta-feira, 17 de março de 2021

Nova estratégia de defesa do Reino Unido inclui aumento de armas nucleares

O governo do Reino Unido anunciou nesta terça (16) que planeja aumentar o seu estoque de armas nucleares como parte mudanças em seu plano de defesa. O próprio passo após a saída da União Europeia, em janeiro, seria conquistar influência em um sistema internacional “mais volátil e fragmentado”, disse o primeiro-ministro Boris Johnson.

A previsão está no documento de 110 páginas onde estão listadas as prioridades da Grã-Bretanha até 2030. No texto, o governo afirma que aumentará em 40% o limite de ogivas nucleares nos submarinos da Marinha Real, de 180 para 260.

Outra promessa é em manter a frota de quatro submarinos com armas nucleares nos limites das águas territoriais do país – todos prontos para responder imediatamente em caso de ameaças.

Em manobra de defesa, Reino Unido deve aumentar estoque de armas nucleares
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, em cúpula do governo de setembro de 2020, Downing Street, Londres (Foto: Downing Street/Pippa Fowles)

As novas metas reconfiguram o compromisso da Grã-Bretanha no NPT (Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares), de 1968. Por décadas, o país reduziu seu arsenal de 200 ogivas. Em governos anteriores, o Partido Conservador prometeu diluir o número para 180 até 2020. Hoje, são 190 bombas.

Segundo Johnson, a mudança seria uma resposta ao que definiu como o “desmoronamento” da ordem mundial que o Reino Unido ajudou a construir após a Segunda Guerra Mundial.

Elaborado por dois anos, o documento declara que o Reino Unido não usará suas armas nucleares contra Estados que não tenham ogivas ou que sejam signatários do NPT. “Mas nos reservamos o direito de revisar essa garantia caso haja ameaça”, diz o texto.

Os planos exigirão que o país angarie maior influência na região do Indo-Pacífico, registrou o “The Wall Street Journal”. “A sorte do povo britânico está quase que ligada exclusivamente a eventos no outro lado do mundo”, disse Johnson.

As mudanças devem fortalecer a economia britânica através de estímulos ao comércio global e aumento do investimento doméstico em ciência e tecnologia, afirmou o premiê.

Críticas

O texto, porém, já foi criticado por outras nações. Moscou, por exemplo, criticou o plano ao afirmar que a decisão “prejudica a estabilidade global”, disse o porta-voz presidencial Dmitry Peskov em registro do portal Euronews.

No texto, Londres classifica a Rússia como uma “grande ameaça” ao citar tentativas de envenenamento por novichok em solo britânico, como o do ex-espião russo Sergei Skripal e sua filha Yulia, em 2018.

Já a Nobel da Paz Beatrice Fihn, diretora da Ican (Campanha Internacional para Abolir as Armas Nucleares), afirmou que a decisão de Londres é “irresponsável e perigosa” e uma violação ao direito internacional.

Além da França, o Reino Unido é o único país da Europa Ocidental a manter um estoque declarado de armas nucleares. Outros países na lista são Rússia, EUA, Israel, Índia, Paquistão, China e Coreia do Norte.

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