O parlamentar Lev Shlosberg instou as autoridades da Rússia a “investigar adequadamente” as duas supostas tentativas de envenenamento do opositor ao Kremlin, Vladimir Kara-Murza, em 2015 e em 2017.
Em entrevista à RFE (Radio Free Europe) no dia 5, Shlosberg afirmou que a demanda é uma “luta pelo país”. O parlamentar também deve incluir o pedido de investigação pela tentativa de assassinato de Alexei Navalny, em agosto.
“Não é apenas a busca pela verdade e pela legalidade, mas também a luta por aqueles que estão vivos e podem morrer se a violência do Estado continuar sem controle”, disse o político do partido Yabloko, de orientação liberal.
A polícia russa já ignorou dois pedidos de Kara-Murza para abrir uma investigação sobre as circunstâncias de seu “adoecimento repentino”. Assim como Navalny, o político adoeceu de forma grave e súbita durante uma reunião em Moscou, em maio de 2015.
Dois anos depois, em fevereiro de 2017, o opositor apresentou falência múltipla dos órgãos, também na capital russa. À época, o diagnóstico médico definiu que havia a presença de uma “toxina não especificada”.
Apesar das diversas falhas e documentos extraviados, o FBI (Departamento Federal de Investigações dos EUA, em inglês) apontou o adoecimento de Kara-Murza como “envenenamento intencional”. O órgão norte-americano, porém, não identificou as substâncias usadas.
Conforme Shlosberg, os pedidos de investigação seguirão a lei russa e obrigarão o Comitê de Investigação a dar uma resposta por meio de um procedimento legal.
“Ou eles se recusarão a iniciar um processo criminal, ou decidirão realizar uma verificação ou abrirão um processo completo”, afirmou. “Deixe-os ver a lei. Eles devem responder aos legisladores”. O parlamentar afirmou que, caso não receba resposta, recorrerá ao Ministério Público.
Equipe de profissionais
Em entrevista à Deutsche Welle em fevereiro, Kara-Murza afirmou que a mesma “equipe de assassinos profissionais” que planejou o seu envenenamento está por trás do ataque a Navalny, na Sibéria, em agosto.
“Nos acostumamos com o regime de [Vladimir] Putin e nossas faculdades críticas não são tão afiadas quanto poderiam ser”, disse. “Devíamos estar mais chocados com o fato de que, em pleno século 21, o Estado russo persegue seus oponentes usando envenenamentos”.
Kara-Murza afirmou que, por medidas de segurança, sua família já deixou a Rússia. “Quanto a mim e a outros oposicionistas, fugir seria um presente para Putin”.
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