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quarta-feira, 10 de março de 2021

Michelle Bachelet enfrenta críticas por ‘cordialidade’ em encontro com Maduro

A alta comissária de direitos humanos da ONU (Organização das Nações Unidas), Michelle Bachelet, é alvo de críticas em seu Chile natal por ter mantido um tom cordial na conversa com o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, no último dia 3.

O encontro virtual tratou dos impactos negativos das sanções internacionais contra a Venezuela e a política do país no combate à Covid-19. As acusações de crimes contra a humanidade, apontados por Bachelet e seu gabinete desde 2019, não entraram na pauta.

“O riso em uma reunião técnica com alguém que está sendo acusado de crimes à humanidade é ultrajante”, disse o coordenador da organização venezuelana de direitos humanos Provea, Rafael Uzcátegui, ao jornal chileno “La Tercera”. “É um tapa na cara das vítimas”.

Michelle Bachelet enfrenta críticas por 'cordialidade' em encontro com Maduro
Reunião entre a alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, e lideranças da Venezuela, em 3 de março de 2021 (Foto: Reprodução/Twitter/Nicolás Maduro)

A deputada venezuelana Delsa Solórzano classificou o comportamento de Bachelet como uma “vergonha”. “Como sorrir para quem detém trabalhadores humanitários arbitrariamente?”, afirmou a educadora venezuelana Ligia Bolívar.

No Chile, a candidata presidencial do Partido Socialista, Paula Narváez, afirmou que Bachelet pode ter tentado obter uma “vantagem política” na reunião com Maduro. “Ao fazer isso, porém, a alta comissária não compreendeu o papel de seu cargo para os Direitos Humanos”.

“O alto comissário teria sido cordial em uma reunião com o senhor Augusto Pinochet?”, questionou Uzcátegui. O ditador chileno comandou o país de 1973 a 1990 e, entre outros, ordenou a prisão e tortura de Alberto Bachelet, pai da alta comissária.

No Twitter, Maduro definiu a videoconferência como “excelente”.

Acusações contra Maduro

Ao visitar a Venezuela em 2019, Michelle Bachelet expressou profunda preocupação pelos presos políticos e pela deterioração democrática do país. Semanas depois, um relatório assinado pela alta comissária listou críticas à Maduro pelo uso da força policial.

A alta comissária sugeriu a dissolução das FAES (Forças de Ação Especial), consideradas um grupo de extermínio em diferentes regiões do país. Ao atualizar o documento, em setembro, Bachelet culpou o presidente venezuelano pela morte de duas mil pessoas entre janeiro e agosto de 2020.

No mesmo mês, Caracas renovou o Memorando de Entendimento com o ACNUDH (Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU). A medida prevê avanços de cooperação e a criação de um escritório do órgão no país.

O ACNUDH deve voltar a tratar da situação da Venezuela na sessão do Conselho de Direitos Humanos desta quarta (10).

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