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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

Conflitos na República Centro-Africana já forçaram deslocamento de 200 mil

Os conflitos gerados por grupos armados após as eleições de 27 de dezembro na República Centro-Africana já forçaram o deslocamento de mais de 200 mil cidadãos para fora do país.

Segundo a Acnur (Agência das Nações Unidas para Refugiados), cerca de 92 mil fugiram para a República Democrática do Congo. Outros 13 mil cruzaram as fronteiras em direção a Camarões, Chade e Congo.

O restante está sem abrigo dentro do próprio país. “Refugiados contam que fugiram ao ouvir os tiros e deixaram todos os seus pertences para trás”, relatou o porta-voz Boris Cheshirkov na sexta (29).

Conflitos na República Centro-Africana já forçaram deslocamento de 200 mil
Criança se esconde em região isolada da República Centro Africana, em junho de 2007 (Foto: Unicef/Pierre Holtz)

Os confrontos começaram dias antes da eleição, em dezembro, quando o Tribunal Constitucional do país barrou a candidatura do ex-presidente François Bozizé ao pleito. A confirmação da reeleição de Faustin-Archange Touadéra acelerou os conflitos.

Desde então, o Exército nacional, apoiado pelas tropas da ONU (Organização das Nações Unidas) e por países como Rússia e Ruanda, tenta conter uma coalizão de milícias. Os rebeldes reivindicam um novo pleito e alegam irregularidades.

Os ataques dificultam o acesso humanitário e muitos dos deslocados já apelam para prostituição em troca de alimentos. Enquanto isso, doenças como a malária, infecções respiratórias e diarreia se tornaram comuns, alertou a Acnur.

“Situação apocalíptica”, diz ex-premiê

Em entrevista à Reuters por telefone, o ex-primeiro-ministro Martin Ziguele, derrotado nas eleições, relatou que conflitos em toda a República Centro-Africana estão impedindo o movimento entre as cidades.

“Não posso deixar [a capital] Bangui e andar 90 quilômetros sem escolta armada, imagine a população”, disse. “Adicione o toque de recolher e o estado de emergência e há uma situação apocalíptica”.

Na sexta (29), o órgão regional Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos pediu que as partes negociem um cessar-fogo e que grupos armados a deixem Bangui.

O grupo também pediu que o Conselho de Segurança da ONU levante o embargo de armas imposto ao país. A cláusula restringe o fluxo de armas para o Exército do país de cinco milhões de habitantes desde a guerra civil de 2013.

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