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quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Karachi, 3ª cidade mais populosa do mundo, sofre com infraestrutura falida

A lentidão do trânsito da cidade de Karachi, ao sul do Paquistão, não se dá por acaso: além de concentrar a terceira maior população do mundo, o local possui uma infinidade de obras inacabadas.

De acordo com a Bloomberg, as obras partiram de um esforço para modernizar a metrópole que, em 2017, somava mais de 14,9 milhões de habitantes. Anos depois, boa parte está abandonada.

Pelo menos 40% da população local utiliza o sistema de transporte público – considerado o pior do mundo, de acordo com o estudo da empresa de autopeças Mister Auto, em 2019.

Dos ônibus superlotados às estradas defasadas, transitar por Karachi é um desafio sobretudo para comerciantes, que têm na cidade o principal porto do Paquistão e a sede regional de multinacionais.

Karachi, 3ª cidade mais populosa do mundo, sofre com obras inacabadas
Teto dos ônibus é usado para transportar passageiros em Karachi, no Paquistão, em agosto de 2009 (Foto: Flickr/Anas Ahmad)

As empresas são as responsáveis por gerar metade da receita tributária local, mas os recursos não ficam em Karachi. A Prefeitura possui apenas 12% do controle administrativo da cidade e é o Exército quem controla as áreas mais ricas do lugar.

O resto é dividido entre o governo da província e o governo federal – inimigos políticos.

Assim, Karachi conquistou a alcuna de “órfão político”, como afirmou o consultor da think tank DAI, Arsalan Ali Faheen. “Os problemas de Karachi pertencem, ao mesmo tempo, a todos e a ninguém”.

Infraestrutura mortal

Os problemas de Karachi se estendem à infraestrutura. Em agosto, uma semana de chuvas foi suficiente para inundar boa parte da cidade. Estima-se que 60 pessoas morreram e mais de 10 mil tiveram de ser resgatadas.

Em seguida, o primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, anunciou um pacote de desenvolvimento estimado em US$ 6,8 bilhões para ajustar as demandas da cidade.

Os recursos, no entanto, ultrapassam o valor acordado com o FMI (Fundo Monetário Internacional), enviado para evitar que o país entre em falência com a crise da pandemia do novo coronavírus.

Karachi, 3ª cidade mais populosa do mundo, sofre com obras inacabadas
Trânsito de Karachi, no Paquistão, em uma das ruas com “menos movimento” da cidade, em dezembro de 2008 (Foto: Flickr/Damian Entwistle)

Ao longo dos anos, a população presenciou diversas promessas de uma nova frota de ônibus e uma linha ferroviária circular efetiva. Na prática, os projetos nunca saíram do papel. Karachi aguarda a reativação da linha ferroviária há pelo menos 15 anos.

Além disso, mesmo na área mais rica da cidade não há água encanada – fator que favorece a “máfia dos tanques”. Organizações criminosas se aproveitam da falta de abastecimento de água para enriquecer a custa de um preço superinflado e qualidade questionável.

De acordo com o ministro de planejamento do Paquistão, Asad Umar, o governo federal assumiu o projeto dos ônibus urbanos e deve entregar novos veículos até junho de 2021. Já o porta-voz do governo da província de Sindh não respondeu aos pedidos de comentário.

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