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quinta-feira, 28 de abril de 2022

Rússia vira motivo de piada após sanção imposta a parlamentares britânicos

O governo da Rússia sancionou na quarta-feira (27) 287 parlamentares britânicos, em ação recíproca após o Reino Unido ter feito o mesmo com políticos russos. A lista e a punição, que impede os sancionados de entrarem em território russo, foram motivo de piada em Londres, de acordo com o jornal Daily Mail.

Uma questão que chamou a atenção dos britânicos é o fato de que muitos indivíduos listados sequer ocupam cargos no governo atualmente. Também há casos de membros do Parlamento citados duas vezes na relação de Moscou. Outros fizeram questão de dizer que a punição não terá qualquer efeito.

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, as sanções foram impostas pelo fato de os 287 membros da Câmara do Comuns serem os “mais ativos” no discurso contra a Rússia e no apoio às sanções ocidentais impostas ao país em função da guerra. Moscou os acusa de provocar uma “histeria russofóbica” com “retórica hostil” e “acusações rebuscadas”.

Putin vira motivo de piada após sanção imposta a 287 parlamentares britânicos
Johnson, Putin e seus assessores em Berlim, janeiro de 2020 (Foto: Gabinete do Presidente da Rússia)

A Câmara dos Comuns britânica tem 650 membros, e as sanções atingem um número que equivale a menos da metade deles. Desconsiderando os erros, a lista de 287 nomes contém somente 266 parlamentares efetivos. Os demais casos são os de 18 indivíduos que já deixaram seus cargos e três que foram citados duas vezes.

Na lista aparecem, por exemplo, Dominic Grieve, que perdeu o cargo após ser derrotado nas eleições, e Justine Greening e Oliver Letwin, que não concorreram à reeleição em 2019. Um caso curioso é o de Charlie Elphicke, que não só deixou a política como foi libertado da prisão no ano passado, após ter sido condenado por agressão sexual.

Além do desconhecimento que a lista evidencia, a punição em si também foi motivo de piada. Alguns dos sancionados deixaram claro que não dão a menor bola para a proibição de entrar na Rússia. Foi o caso de Ben Everitt, do Partido Conservador, ao afirmar que não vê ninguém “correndo para mudar seus planos de férias de verão”.

O primeiro-ministro Boris Johnson também se manifestou. Segundo ele, aqueles que não foram sancionados não deveriam se sentir “desrespeitados”. Já os que foram incluídos na lista deveriam encarar isso como “um distintivo de honra”.

Paralelamente, o premiê reforçou sua posição pró-Ucrânia. “O que faremos é manter nosso apoio robusto e de princípios ao povo ucraniano e a seu direito de proteger suas vidas, suas famílias e se defender”, disse ele. “É isso que este país está fazendo e que tem o apoio esmagador, eu acho, de toda a Câmara”.

Por que isso importa?

A escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia, que culminou com a efetiva invasão russa ao país vizinho, no dia 24 de fevereiro, remete à anexação da Crimeia pelos russos, em 2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo an. Aquele conflito foi usado por Vladimir Putin como argumento para justificar a invasão integral, classificada por ele como uma “operação militar especial”.

“Tomei a decisão de uma operação militar especial”, disse Putin pouco depois das 6h de Moscou (0h de Brasília) de 24 de fevereiro. Cerca de 30 minutos depois, as primeira explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, e logo em seguida em Mariupol, no leste do país.

No início da ofensiva, o objetivo das forças russas era dominar Kiev, alvo de constantes bombardeios. Entretanto, diante da inesperada resistência ucraniana, a Rússia foi forçada a mudar sua estratégia. As tropas, então, começaram a se afastar de Kiev e a se concentrar mais no leste ucraniano, a fim de tentar assumir definitivamente o controle de Donbass e de outros locais estratégicos naquela região.

Em meio ao conflito, o governo da Ucrânia e as nações ocidentais passaram a acusar Moscou de atacar inclusive alvos civis, como hospitais e escolas, dando início a investigações de crimes de guerra ou contra a humanidade cometidos pelos soldados do Kremlin.

O episódio que mais pesou para as acusações foi o massacre de Bucha, cidade ucraniana em cujas ruas foram encontrados dezenas de corpos após a retirada do exército russo. As imagens dos mortos foram divulgadas pela primeira vez no dia 2 de abril, por agências de notícias, e chocaram o mundo.

O jornal The New York Times realizou uma investigação com base em imagens de satélite e associou as mortes em Bucha a tropas russas. As fotos mostram objetos de tamanho compatível com um corpo humano na rua Yablonska, entre 9 e 11 de março. Eles estão exatamente nas mesmas posições em que foram descobertos os corpos quando da chegada das tropas ucranianas, conforme vídeo feito por um residente da cidade em 1º de abril.

Fora do campo de batalha, a Rússia tem sido alvo de todo tipo de sanções. As esperadas punições financeiras impostas pelas principais potencias globais já começaram a sufocar a economia russa, e o país tem se tornado um pária global. Desde a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro, mais de 600 empresas ocidentais deixaram de operar na Rússia, seja de maneira temporária ou definitiva, parcial ou integral.

Os mortos de Putin

Desde que assumiu o poder na Rússia, em 1999, o presidente Vladimir Putin esteve envolvido, direta ou indiretamente, ou é forte suspeito de ter relação com inúmeros eventos, que levaram a dezenas de milhares de mortes. A lista de vítimas do líder russo tem soldados, civis, dissidentes e até crianças. E vai aumentar bastante com a guerra que ele provocou na Ucrânia.

Na conta dos mortos de Putin entram a guerra devastadora na região do Cáucaso, ações fatais de suas forças especiais que resultaram em baixas civis até dentro do território russo, a queda suspeita de um avião comercial e, em 2022, a invasão à Ucrânia que colocou o mundo em alerta.

A Referência organizou alguns dos principais incidentes associados ao líder russo. Relembre os casos.

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