Em uma medida retaliatória anunciada nesta terça-feira (19), a Rússia expulsou do país 15 diplomatas holandeses, 21 belgas e quatro austríacos. Entre março e abril, Holanda, Bélgica e Áustria haviam anunciado medida idêntica, alegando que os russos exerciam atividades de inteligência sob a cobertura do serviço diplomático. As informações são da rede Radio Free Europe.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, os holandeses expulsos são 14 funcionários da Embaixada em Moscou e um do Consulado em São Petesburgo, conforme informou a agência turca Anadolu. A eles foi dado o prazo de duas semanas para ir embora.
Por sua vez, o embaixador belga em Moscou, Marc Michielsen, foi convocado à embaixada e então informado da decisão da Rússia de expulsar os 21 indivíduos que atuam no corpo diplomático de Bruxelas. Eles igualmente devem sair até o dia 3 de maio.
No caso da Áustria, a expulsão dos quatro integrantes do corpo diplomático, que também segue o princípio da reciprocidade, ocorre uma semana depois de o chanceler Karl Nehammer se tornar o primeiro líder europeu a visitar o presidente russo Vladimir Putin desde o começo da guerra na Ucrânia.
O próximo país da lista do Kremlin a reduzir sua presença diplomática em território russo deve ser Luxemburgo, igualmente em ação recíproca. O país já foi avisado de que um anúncio nesse sentido pode ser feito nos próximos dias.
Por que isso importa?
Casos de espionagem associados a cidadãos russos têm se acumulado, levando à expulsão de muitos diplomatas acusados por países europeus de desempenharem atividades de inteligência sob o disfarce do serviço diplomático.
O país mais afetado por esses problemas é a Alemanha, dona da maior população e da principal economia da União Europeia (UE), o que a torna forte influenciadora do bloco, inclusive em assuntos ligados à Rússia.
A relação diplomática entre Moscou e Berlim é ruim desde 2014, quando da anexação da região da Crimeia, na Ucrânia, pela Rússia. Desde então, o bloco europeu proibiu a venda para empresas russas de bens de dupla utilização, aqueles que poderiam também ter uso militar, e os casos de espionagem se acumulam.
O caso que mais contribuiu para estremecer as relações entre Berlim e Moscou ocorreu em 2020. Foi o envenenamento do principal opositor do Kremlin, Alexei Navalny, que aliados dele atribuem ao presidente russo Vladimir Putin. A vítima se recuperou na capital antes de retornar à Rússia, onde está preso desde fevereiro de 2021.
A Ucrânia, agora integralmente invadida por tropas de Moscou, também detectou forte atividade de inteligência russa nos últimos anos. Um relatório divulgado pelo SBU (Serviço de Segurança da Ucrânia, da sigla em inglês), no final de 2021, aponta que mais de 20 oficiais da inteligência russa operavam no país sob cobertura diplomática e foram denunciados desde 2014. O trabalho já levou aos tribunais mais de 180 réus, que foram posteriormente considerados culpados por traição e espionagem.
Até mesmo a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) foi alvo dos espiões, tendo anunciado, em outubro do ano passado, a expulsão de oito diplomatas russos. Como consequência, à época, a aliança ainda reduziu pela metade a equipe de Moscou dentro de seu quartel-general.
Em março deste ano, já em meio à guerra, outros países europeus anunciaram a expulsão de supostos diplomatas russos. Primeiro a Bulgária, que determinou a saída do país de dez acusados de desempenharem funções incompatíveis com o status diplomático. Uma semana depois foi a vez da Polônia, cuja lista de expulsões tinha 45 pessoas.
Dias depois, quatro países da União Europeia (UE) expulsaram 43 diplomatas russos no total. A Holanda puxou a fila, com 17 diplomatas expulsos por desempenharem “atividades secretas”. A Bélgica, em ação coordenada com o vizinho, expulsou 21 russos. O terceiro país a aderir à ação foi a República Tcheca, com um nome, enquanto a Irlanda anunciou uma lista com quatro indivíduos.
Já em abril foi a vez de a Alemanha expulsar 40 diplomatas russos, enquanto a França anunciou a saída de 25 indivíduos, e a Áustria, de quatro. A Lituânia, por sua vez, expulsou o embaixador russo em Vilnius e convocou seu principal diplomata em Moscou para retornar ao país. Na sequência, a vizinha Letônia disse estar “reduzindo suas relações diplomáticas com a Federação Russa”, sem dar maiores detalhes.
Uma nova leva de países europeus anunciaram a expulsão de integrantes do corpo diplomático russo neste mês de abril. Juntos, Portugal, Espanha, Dinamarca, Suécia e Itália expulsaram mais de 80 indivíduos acuados de usar as funções diplomáticas para acobertar o fato de servirem à inteligência russa. O mais recente caso havia sido o da Macedônia do Norte, com seis expulsões.
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