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sexta-feira, 29 de abril de 2022

Ataques reivindicados pelo EI-K matam ao menos nove pessoas no Afeganistão

Duas explosões ocorridas quase ao mesmo tempo, em locais diferentes da cidade de Mazar-i-Sharif, capital da província de Balkh, no norte do Afeganistão, deixaram ao menos nove pessoas mortas e 13 feridas na quinta-feira (28). As informações são da agência catari Al Jazeera.

De acordo com Mohammad Asif Waziri, porta-voz do Taleban, os alvos foram dois veículos que transportavam pessoas para casa, com o objetivo de encerrar o jejum do mês sagrado do Ramadã.

“Os alvos parecem ser passageiros xiitas”, disse Waziri. “Os inimigos do Afeganistão estão criando tensão e divisão entre nosso povo”.

Horas depois dos dois ataques, o Estado Islâmico-Khorasan (EI-K) assumiu a responsabilidade, manifestando-se através do aplicativo de mensagens Telegram. O grupo, que tem realizado frequentes e violentos ataques no Afeganistão, tem como alvo principal as pessoas da minoria xiita Hazara.

Combatentes do Estado Islâmico-Khorasan no Afeganistão (Foto: reprodução de vídeo)

Explosões recentes

Na semana passada, o EI-K também assumiu a autoria de uma série de ataques a bomba. Um deles deixou 11 mortos em uma mesquita xiita de Mazar-e-Sharif. No mesmo dia 21 de abril, os jihadistas causaram uma segunda explosão na cidade de Kunduz, igualmente no norte do país. De acordo com um funcionário dos serviços de saúde locais, também foram registrados 11 mortos nesse ataque.

As autoridades afegãs registraram ainda mais duas explosões na última semana, ambas em rodovias. Um dos alvos foi um veículo que transportava mecânicos a serviço das forças armadas, em Kunduz. Há registros de crianças entre os feridos, mas não foram relatadas mortes. A outra bomba explodiu em Cabul e feriu três pessoas, sendo uma criança.

Por que isso importa?

Embora tenha ganhado notoriedade somente após o Taleban ascender ao poder, o EI-K não é novo no cenário afegão. O grupo extremista opera no Afeganistão desde 2015 e surgiu na esteira da criação do Estado Islâmico (EI) do Iraque e da Síria. Foi formado originalmente por membros de grupos do Paquistão que migraram para fugir da crescente pressão das forças de segurança paquistanesas.

Agora que a ocupação estrangeira no Afeganistão terminou e que o antigo governo foi deposto pelo Taleban, os principais alvos do EI-K têm sido a população civil e os próprios talibãs, tratados como apóstatas pelo Khorasan, sob a acusação de que abandonaram a jihad por uma negociação diplomática.

Os ataques suicidas são a principal marca do EI-K, que habitualmente tem uma alta taxa de mortes por atentado. O mais violento de todos eles ocorreu durante a retirada de tropas dos EUA e da Otan, quando as bombas do grupo mataram 182 pessoas na região do aeroporto de Cabul.

No início de outubro de 2021, dezenas de pessoas morreram em um ataque suicida a bomba contra uma mesquita na província de Kunduz, no nordeste do Afeganistão. Já em novembro, nova ação do EI-K, esta contra um hospital de Cabul, deixou 25 pessoas mortas e cerca de 50 feridas.

Não há diferença substancial entre EI e EI-K, somente o local de origem, a região de Khorasan, originalmente parte do Irã.

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