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sexta-feira, 22 de abril de 2022

Incorporadora imobiliária ligada ao grupo Alibaba dá calote de US$ 300 milhões

A E-House Enterprise Holdings, incorporadora imobiliária chinesa que tem entre seus principais acionistas o grupo de comércio eletrônico Alibaba, deixou de pagar um título em dólares no valor de US$ 300 milhões. A informação foi confirmada pelo maior provedor de serviços imobiliários da China, de acordo com o site especializado Yicai Global.

A empresa, que atravessa dificuldades financeiras, não deu uma justificativa formal para o default. E, devido ao calote, suspendeu a negociação de notas para 2023. No ano passado, as perdas da E-House foram de 8,89 bilhões de yuans (R$ 5,76 bilhões, no câmbio atual), segundo resultados financeiros auditados.

O setor mobiliário chinês atravessa um momento delicado, com grandes empresas em inadimplência. A gigante Evergrande puxou a fila, perdendo o pagamento de títulos em dezembro de 2021. Em fevereiro deste ano, o Yango Group alertou que corre o risco de inadimplência, enquanto o Kaisa Group não pagou 300 milhões de yuans (R$ 215,6 milhões) em produtos de gestão de patrimônio em novembro de 2021.

Beijing à noite: setor imobiliário está em crise na China (Foto: pixabay.com)

Por que isso importa?

Foi o endividamento da Evergrande que chamou a atenção para a crise imobiliária chinesa, símbolo das dificuldades enfrentadas pela economia local e seu outrora próspero setor. Depois de expandir e tomar empréstimos a uma velocidade vertiginosa, a incorporadora alega que tem lutado para juntar o dinheiro que precisa para honrar dívidas em atraso, empréstimos pendentes e salários atrasados.

A reorganização da incorporadora, que espera-se ser a maior já feita no país asiático, é tida como um momento decisivo na história do mercado de títulos em dólar no continente.

A Evergrande tomou emprestados mais de US$ 20 bilhões em títulos denominados em dólares de seus mais de US$ 300 bilhões em passivos. Mas entregou poucas informações detalhadas enquanto as autoridades chinesas trabalham para limitar o impacto do colapso da empresa.

Hui Ka Yan, fundador e presidente da companhia e que encabeça a lista de bilionários devedores do setor imobiliário chinês, já perdeu pagamentos de cerca de US$ 20 bilhões em títulos internacionais e ainda não ofereceu um plano de reestruturação viável para a empresa. Ele tentou restaurar a confiança no seu negócio em fevereiro, ao descartar a venda de ativos, alegando que a empresa concluiria metade de seus projetos restantes no decorrer de 2022.

No dia 21 de março, a Evergrande teve suspensa a negociação de suas ações na bolsa de Hong Kong e foi avisada de que precisa informar as autoridades locais sobre como será executada a reestruturação da companhia. No dia seguinte ao anúncio, a gigante chinesa teve cerca de US$ 2,1 bilhões em dinheiro apreendidos por bancos para o pagamento de credores.

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