A Rússia deu um calote em sua dívida externa, após oferecer aos detentores de títulos o pagamento em rublos em vez de dólares. A informação foi divulgada pela agência de classificação de risco S&P Global e reproduzida pela rede norte-americana CNN.
O calote levou a S&P a baixar a nota de crédito externo do país para “default seletivo”, vez que é improvável que os credores consigam converter os rublos em dólares no valor equivalente ao da dívida original.
O calote ocorreu em dois títulos em dólares com vencimento para o dia 4 de abril. Agora, a Rússia tem 30 dias para realizar o pagamento com juros, algo que a agência considera improvável devido às sanções ocidentais que comprometem a “vontade e capacidade técnica de honrar os termos e condições de suas obrigações”.
Se o calote seletivo se transformar em “default total”, seria o primeiro do país em mais de um século. A última vez em que isso ocorreu foi quando Moscou estava sob o comando de Vladimir Lenin, que justificou o não pagamento pelo fato de repudiar os títulos emitidos pelo governo czarista deposto na Revolução de 1917.
Como parte das sanções impostas pelo Ocidente em função da agressão à Ucrânia, a Rússia perdeu o acesso a cerca de US$ 315 bilhões de suas reservas em moedas estrangeiras. Até a última semana, o país ainda tinha autorização para usar alguns de seus ativos no pagamento de determinados investidores. Mas isso mudou com o bloqueio do acesso a reservas em bancos norte-americanos pelo tesouro dos EUA.
Agora, a Rússia promete ir à Justiça para reverter a situação, embora não tenha informado quem serão os alvos das ações judiciais. “Vamos processar, porque tomamos todas as medidas necessárias para que os investidores recebessem seus pagamentos”, disse o ministro das Finanças Anton Siluanov. “Exibiremos a prova judicial de nossos pagamentos, para confirmar nossos esforços de pagamento em rublos, assim como fizemos em moeda estrangeira”.
Por sua vez, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, classificou um eventual default como “artificial”, falando em coletiva de imprensa na semana passada. Ele usou igualmente o argumento de que o país tem dinheiro para pagar os investidores, apenas não consegue acessar os fundos.
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