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segunda-feira, 11 de abril de 2022

Cerca de cem uigures de uma mesma aldeia são presos na região de Xinjiang

Ao menos cem uigures de uma pequena comunidade na região de Xinjiang, noroeste da China, estão presos a mando das autoridades locais e por motivos desconhecidos. A informação foi confirmada por um agente de segurança, embora pessoas com conhecimento dos fatos falem em um número muito maior, de acordo com a rede Radio Free Asia.

Ao confirmar as prisões, o agente estatal destacou que o governo chinês tem “cuidado bem” dos familiares dos detidos, todos da aldeia Sheyih Mehelle, que tem população estimada em 700 pessoas e fica no condado de Ghulja. Ele falou que Beijing forneceu cerca de 30 toneladas em alimentos, roupas e carvão a pelo menos cem famílias.

Uigures em Urumqi, maior cidade de Xinjiang, na China, em setembro de 2005 (Foto: CreativeCommons)

Um uigur que vive no exílio confirmou a repressão estatal e disse que, somente na família dele, três irmãos foram encarcerados no vilarejo de Onyar, também em Ghulja. Em muitos casos, até cinco pessoas estão detidas em cada família, segundo o homem, que falou sob condição de anonimato e disse não se surpreender que 14% da população de uma aldeia de minoria muçulmana esteja em cárcere.

Segundo a fonte anônima, outras pessoas com conhecimento da situação disseram a ele que o número de pessoas presas em

Sheyih Mehelle pode chegar a 200.

Apoio do ocidente

O senador republicano pela Flórida Marco Rubio apresentou na última quinta-feira (7) o projeto Uyghur Policy Act (Lei da Política Uigur, em tradução literal), que visa a aumentar o apoio dos EUA à comunidade uigur dentro do país e em outras nações, de modo a defender a melhoria das condições da etnia, que sofre abusos de direitos humanos pelo regime do Partido Comunista Chinês (PCC). Young Kim, republicano da Califórnia, e Ami Bera, democrata da Califórnia, apresentaram legislação complementar na Câmara dos Deputados.

“O PCC está realizando uma campanha repugnante de genocídio e abusos de direitos humanos cometidos contra uigures e outros grupos étnicos predominantemente muçulmanos. Os EUA não podem ficar calados diante de um abuso tão horrível”, disse Rubio em comunicado.

A medida apresentada pelo parlamentar foi bem recebida por Rushan Abbas, diretor executivo da ONG Campanha Pelos Uigures. O ativista, que teve a irmã desaparecida há três anos, sob suspeita de ser mantida encarcerada em Xinjiang, saudou a proposta de Rubio e pediu celeridade na aprovação da legislação.

“Espero que o governo dos EUA possa aprovar esse projeto de lei o mais rápido possível, o que criaria uma estratégia abrangente para aumentar a conscientização internacional sobre o genocídio dos uigures”, disse. Ele ainda instou o Departamento de Estado dos EUA que responda ao genocídio no Turquistão Oriental “de forma mais eficaz”, revidando “os esforços do regime chinês para silenciar os defensores dos uigures, como fizeram ao levar minha irmã como refém”, disse Abbas em comunicado .

Por que isso importa?

A comunidade uigur é uma minoria muçulmana de raízes turcas que habita a região autônoma de Xinjiang, no noroeste da China. A província faz fronteira com países da Ásia Central, com quem divide raízes étnicas e linguísticas.

Os uigures, cerca de 11 milhões, enfrentam discriminação da sociedade e do governo chinês e são vistos com desconfiança pela maioria han, que responde por 92% dos chineses. Denúncias dão conta de que Beijing usa de tortura, esterilização forçada, trabalho obrigatório e maus tratos para realizar uma limpeza étnica e religiosa em Xinjiang.

Estimativas apontam que um em cada 20 uigures ou cidadãos de minoria étnica já passou por campos de detenção de forma arbitrária desde 2014.

O governo de Joe Biden, nos EUA, foi o primeiro a usar o termo “genocídio” para descrever as ações da China em relação aos uigures. Em seguida, Reino Unido e Canadá também passaram a usar a designação, e mais recentemente a Lituânia se juntou ao grupo.

A China nega as acusações de que comete abusos em Xinjiang e diz que as ações do governo na região têm como finalidade a educação contraterrorismo, a fim de conter movimentos separatistas e combater grupos extremistas religiosos que eventualmente venham a planejar ataques terroristas no país. .

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, afirma que o trabalho forçado uigur é “a maior mentira do século”. “Os Estados Unidos tanto criam mentiras quanto tomam ações flagrantes com base em suas mentiras para violar as regras do comércio internacional e os princípios da economia de mercado”, disse ele.

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