Cerca de 15 pessoas morreram em um ataque realizado por extremistas islâmicos em um vilarejo no leste da República Democrática do Congo (RDC), no domingo (3). A ação foi atribuída a integrantes do grupo ADF (Forças Democráticas Aliadas, da sigla em inglês), originário de Uganda, segundo a Associated Press.
De acordo com a agência internacional cristã Barnabas Aid, um líder religioso ugandense acusa as ADF de “matarem cristãos sem piedade” na RDC, o que levou muitas pessoas a deixarem o país rumo a Uganda, justamente o local de origem da facção extremista.
O massacre desta semana, confirmados na segunda-feira (4) por uma sobrevivente e pelo exército congolês, foi realizado por jihadistas portando facões e armas de fogos. O alvo foi um vilarejo em Masambo, a cerca de 50 quilômetros de Beni.
“As investigações estão em andamento”, disse o capitão Anthony Mwalushayi. “Estamos perseguindo o inimigo em direção à fronteira com Uganda, perto do Monte Ruwenzori. Apelo à população para que mantenha a calma e colabore com o exército congolês, dando qualquer informação sobre pessoas suspeitas”.
Deborah Mutangi, uma sobrevivente do massacre, diz que fugiu com os filhos na manhã seguinte e agora vive em Beni. “Depois de ouvir os tiros, fui direto para dentro de casa dizer às crianças que trancassem as portas”, disse ela, que contou ao menos 15 pessoas mortas. “De manhã, acordamos para ver corpos em todos os lugares”.
Por que isso importa?
As ADF são uma organização paramilitar ugandense acusada de estar por trás de milhares de mortes nos últimos anos. O grupo nasceu em 1995, como oposição ao presidente Yoweri Museveni, e tem atuando majoritariamente em áreas remotas. Com o tempo, a facção ultrapassou as fronteiras de Uganda e passou a agir também na República Democrática do Congo.
No começo de maio de 2021, o governo congolês declarou lei marcial em Kivu do Norte e na província vizinha de Ituri, de modo a estancar a violência atribuída ao grupo rebelde. Porém, o número de civis mortos só cresceu.
Cerca de três meses depois, em agosto, o atual presidente congolês Felix Tshisekedi declarou que forças especiais dos Estados Unidos seriam enviadas à região para estudar a viabilidade de instalação de uma unidade antiterrorismo para o enfrentamento da violência islâmica.
As ADF foram colocadas na lista de sanções financeiras de Washington em maço do ano passado, classificadas como uma organização terrorista. O grupo declarou publicamente ser um braço do Estado Islâmico (EI), que por sua vez assumiu a responsabilidade por alguns de seus ataques.
Um relatório divulgado em junho de 2021, redigido por especialistas da ONU (Organização das Nações Unidas), afirma não haver evidências de apoio direto do EI à ADF. Entretanto, um vídeo divulgado em 1º de abril de 2022 mostra o líder das ADF, Musa Baluku, renovando a promessa de lealdade ao EI.
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