Uma nova leva de países europeus anunciaram a expulsão de integrantes do corpo diplomático russo, todos acusados de desempenharem funções incompatíveis com os cargos que ocupavam, colocando em risco a segurança dos anfitriões. Os anúncios de Portugal, Espanha, Dinamarca, Suécia e Itália engrossam uma lista que inclui cerca de 260 falsos diplomatas russos acusados de atuarem como agentes de inteligência, de acordo com levantamento da agência de notícias francesa AFP.
Na terça-feira, Portugal anunciou que dez funcionários da missão diplomática de Moscou no país passaram a ser considerados persona no grata e terão duas semanas para ir embora. De acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros, nenhum deles é diplomata de carreira, e as atividades eram “contrárias à segurança nacional”, segundo o jornal Diário de Notícias.
A vizinha Espanha seguiu o mesmo caminho e anunciou a expulsão de 25 membros do corpo diplomático russo, pois “representam uma ameaça aos interesses do país”. A lista, entretanto, pode aumentar, de acordo com o site The Local.
Ao anunciar a expulsão de 15 russos que atuavam no país, a Dinamarca sequer referiu-se a eles como diplomatas. “Estamos enviando um sinal claro a Moscou de que não aceitaremos que oficiais de inteligência russos estejam espionando em solo dinamarquês. Eles representam um risco para a nossa segurança nacional que não podemos ignorar”, disse um comunicado assinado pelo ministro das Relações Exteriores, Jeppe Kofod, e reproduzido pela agência de noticias Ritzau.
No anúncio, o governo dinamarquês diz que pretende manter a relação diplomática com a Rússia. “O embaixador russo e o resto da embaixada em Copenhague não são abrangidos pela deportação. É apenas uma questão de expulsar oficiais de inteligência”, diz o texto. “Juntamente com alguns dos nossos aliados mais próximos, pusemos os pés diante da espionagem que as pessoas identificadas realizam sob o pretexto de seu status diplomático”.
A ministra das Relações Exteriores da Suécia, Ann Linde, disse que seu país se juntaria aos demais, anunciando a expulsão de três supostos diplomatas russos. Ela justificou: “É porque eles não estão seguindo a Convenção de Viena e estão realizando operações ilegais de coleta de inteligência“.
A lista de expulsões da Itália é a maior dessa nova leva. “Expulsamos 30 diplomatas russos por razões de segurança nacional”, afirmou o ministro das Relações Exteriores, Luigi Di Maio, segundo a agência Ansa.
Por que isso importa?
Casos de diplomatas russos expulsos por países europeus, sob acusação de desempenharem atividades incompatíveis com suas funções, não são novidade. O país mais afetado por tais atividades suspeitas é a Alemanha, dona da maior população e da principal economia da União Europeia (UE), o que a torna forte influenciadora do bloco, inclusive em assuntos ligados à Rússia.
A relação diplomática entre os dois países é ruim desde 2014, quando da anexação da região da Crimeia, na Ucrânia, pela Rússia. Desde então, a UE proibiu a venda para empresas russas de bens de dupla utilização, aqueles que poderiam também ter uso militar, e os casos de espionagem se acumulam.
O caso que mais contribuiu para estremecer as relações entre Berlim e Moscou ocorreu em 2020. Foi o envenenamento do principal opositor do Kremlin, Alexei Navalny, que aliados dele atribuem ao presidente russo Vladimir Putin. A vítima se recuperou na capital antes de retornar à Rússia, onde está preso desde fevereiro de 2021.
A Ucrânia, agora integralmente invadida por tropas de Moscou, também detectou forte atividade de inteligência russa nos últimos anos. Um relatório divulgado pelo SBU (Serviço de Segurança da Ucrânia, da sigla em inglês), no final de 2021, aponta que mais de 20 oficiais da inteligência russa operavam no país sob cobertura diplomática e foram denunciados desde 2014. O trabalho já levou aos tribunais mais de 180 réus, que foram posteriormente considerados culpados por traição e espionagem.
Até mesmo a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) foi alvo dos espiões, tendo anunciado, em outubro do ano passado, a expulsão de oito diplomatas russos. Como consequência, à época, a aliança ainda reduziu pela metade a equipe de Moscou dentro de seu quartel-general.
Em março deste ano, já em meio à guerra, outros países europeus anunciaram a expulsão de supostos diplomatas russos. Primeiro a Bulgária, que determinou a saída do país de dez acusados de desempenharem funções incompatíveis com o status diplomático. Uma semana depois foi a vez da Polônia, cuja lista de expulsões tinha 45 pessoas.
Dias depois, quatro países da União Europeia (UE) expulsaram 43 diplomatas russos no total. A Holanda puxou a fila, com 17 diplomatas expulsos por desempenharem “atividades secretas”. A Bélgica, em ação coordenada com o vizinho, expulsou 21 russos. O terceiro país a aderir à ação foi a República Tcheca, com um nome, enquanto a Irlanda anunciou uma lista com quatro indivíduos.
Já em abril foi a vez de a Alemanha expulsar 40 diplomatas russos, enquanto a França anunciou a saída de 25 indivíduos. A Lituânia, por sua vez, expulsou o embaixador russo em Vilnius e convocou seu principal diplomata em Moscou para retornar ao país. Na sequência, a vizinha Letônia disse estar “reduzindo suas relações diplomáticas com a Federação Russa”, sem dar maiores detalhes.
Os mortos de Putin
Desde que assumiu o poder na Rússia, em 1999, o presidente Vladimir Putin esteve envolvido, direta ou indiretamente, ou é forte suspeito de ter relação com inúmeros eventos, que levaram a dezenas de milhares de mortes. A lista de vítimas do líder russo tem soldados, civis, dissidentes e até crianças. E vai aumentar bastante com a guerra que ele provocou na Ucrânia
Na conta dos mortos de Putin entram a guerra devastadora na região do Cáucaso, ações fatais de suas forças especiais que resultaram em baixas civis até dentro do território russo, a queda suspeita de um avião comercial e, em 2022, a invasão à Ucrânia que colocou o mundo em alerta.
A Referência organizou alguns dos principais incidentes associados ao líder russo. Relembre os casos.
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