Enquanto cerca de 400 brasileiros tentam deixar a Ucrânia, espalhados, segundo o Itamaraty, nas fronteiras com Polônia, Romênia, Moldávia e Eslováquia, há um contingente que quer fazer o caminho contrário. Aproximadamente 500 brasileiros querem ir ao Leste Europeu com uma missão que colocaram na cabeça: se alistar à Legião Internacional de Defesa do Território, criada pelo governo ucraniano durante a guerra com a Rússia, para lutar contra o invasor. As informações são do portal UOL.
Entre as centenas de voluntários, boa parte alega ter experiência militar adquirida nas Forças Armadas. Tradutores e profissionais da saúde também estão entre os interessados. Sem apoio do governo federal, eles tentam levantar recursos para a viagem, que é de pelo menos R$ 7 mil, incluindo passagens e documentos obrigatórios. Até agora, mais de cem pessoas manifestaram interesse junto à Embaixada da Ucrânia no Brasil.
Organizados em grupos de WhatsApp e Telegram, os postulantes a combatentes se revelam dispostos a morrer no front, muito embora o conflito não tenha qualquer relação com suas nacionalidades. Um deles é o atirador esportivo e ex-militar Adalton Silva, 33 anos, que comanda uma empresa de segurança privada no interior do Rio de Janeiro. Com passagem pelo batalhão de infantaria do exército no currículo, ele justifica sua vontade de entrar na guerra pelo desejo de “ajudar os necessitados”.
“A nossa ideia é oferecer ajuda humanitária. Nossos irmãos ucranianos estão sendo massacrados”, diz.
Esse é um fenômeno que tem ocorrido em diversas partes do mundo, como mostrou o jornal New York Post. Durante entrevista coletiva no domingo (6), o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, revelou que cerca de 20 mil voluntários estrangeiros se alistaram para engrossar as tropas do país.
“Veteranos experientes e voluntários de 52 países do mundo vêm até nós. Este é o desejo deles”, disse Kubela.
O movimento, que remete à guerra Civil Espanhola, que ocorreu entre 1936 e 1939 e também contou com milhares de estrangeiros na luta contra o fascismo do ditador Francisco Franco, ganhou força após um apelo feito pelo presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. Na semana passada, ele pediu para que “cidadãos do mundo” se juntassem à defesa da ex-república soviética. Para isso, suspendeu os requisitos de visto para combatentes estrangeiros.
Kuleba também fez um apelo por voluntários estrangeiros em sua página oficial no Facebook. “Estrangeiros que procuram proteger a Ucrânia e a segurança mundial como parte da Legião Internacional de Defesa Territorial da Ucrânia são convidados a contatar instituições diplomáticas estrangeiras da Ucrânia nos seus respectivos países. Juntos derrotamos Hitler e derrotaremos Putin”, disse ele.
Por que isso importa?
A escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia, que culminou com a efetiva invasão russa ao país vizinho no dia 24 de fevereiro, remete à anexação da Crimeia pelos russos, em 2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo ano e se estende até hoje.
O conflito armado no leste da Ucrânia opõe o governo central às forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, que formam a região de Donbass e foram oficialmente reconhecidas como territórios independentes por Moscou. Foi o suporte aos separatistas que Putin usou como argumento para justificar a invasão, classificada por ele como uma “operação militar especial”.
“Tomei a decisão de uma operação militar especial”, disse Putin pouco depois das 6h de Moscou (0h de Brasília) de 24 de fevereiro, de acordo com o site independente The Moscow Times. Cerca de 30 minutos depois, as primeira explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, e logo em seguida em Mariupol, no leste do país, segundo a agência AFP.
Desde o início da ofensiva, as forças da Rússia caminham para tentar dominar Kiev, que tem sido alvo de constantes bombardeios. O governo da Ucrânia e as nações ocidentais acusam Moscou de atacar inclusive alvos civis, como hospitais e escolas, o que pode ser caracterizado como crime de guerra ou contra a humanidade.
Fora do campo de batalha, o cenário é desfavorável à Rússia, que tem sido alvo de todo tipo de sanções. Além das esperadas punições financeiras impostas pelas principais potencias globais, que já começaram a sufocar a economia russa, o país tem se tornado um pária global. Representantes russos têm sido proibidos de participar de grandes eventos em setores como esporte, cinema e música.
De acordo com o presidente dos EUA, Joe Biden, as punições tendem a aumentar o isolamento da Rússia no mundo. “Ele não tem ideia do que está por vir”, disse o líder norte-americano, referindo-se ao presidente russo Vladimir Putin. “Putin está agora mais isolado do mundo do que jamais esteve”.
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