Um esforço conjunto entre o Serviço de Segurança da Ucrânia (SSU) e o Serviço Secreto do país afirma ter identificado cinco membros de um grupo hacker chamado Gamaredon, financiado pela Rússia e tido como responsável por coordenar ataques contra Kiev desde 2014. As informações são do site de tecnologia Bleeping Computer.
O Gamaredon, supostamente operado pela FSB (Agência Nacional de Segurança russa, da sigla em inglês), estaria por trás de pelo menos 5 mil ataques à Ucrânia nos últimos sete anos.
Nesse período, os hackers tiveram como alvo mais de 1,5 mil entidades governamentais, públicas e privadas da Ucrânia. O objetivo dos criminosos era coletar informações de inteligência, interromper operações e assumir o controle de instalações de infraestrutura crítica.
O SSU chegou aos suspeitos por meio de interceptações de comunicação e afirma ter evidências sólidas do envolvimento dos cinco nos ciberataques. Os investigadores relataram que conseguiram identificar os hackers, apesar das dificuldades impostas pelos criminosos, que usavam um malware personalizado, ferramentas de anonimato e, sobretudo, “foram muito cuidadosos em ocultar seus rastros digitais”.
De acordo com a investigação, os cinco estariam operando sob a orientação do 18º Centro de Segurança da Informação da FSB em Moscou. Todos eles são oficiais da FSB da Crimeia, que se aliou à Rússia durante a ocupação da península em 2014.
Por conta do envolvimento em uma questão política delicada entre os países, os acusados responderão às autoridades ucranianas por traição, espionagem, inferência não autorizada no trabalho de computadores eletrônicos e distribuição e uso de malware.
Por que isso importa?
A tensão entre Ucrânia e Rússia explodiu com a anexação da Crimeia por Moscou. Tudo começou no final de 2013, quando o então presidente da Ucrânia, o pró-Kremlin Viktor Yanukovych, se recusou a assinar um acordo que estreitaria as relações do país com a União Europeia (UE). A decisão levou a protestos em massa que culminaram com a fuga de Yanukovych para Moscou em fevereiro de 2014.
Após a fuga do presidente, grupos pró-Moscou aproveitaram o vazio no governo nacional para assumir o comando da península e declarar sua independência. Então, em março de 2014, as autoridades locais realizaram um referendo sobre a “reunificação” da Crimeia com a Rússia. A aprovação foi superior a 90%.
Após o referendo, considerado ilegal pela ONU (Organização das Nações Unidas), a Crimeia passou a se considerar território da Rússia. Entre outros, adotou o rublo russo como moeda e mudou o código dos telefones para o da Rússia.
O governo russo também apoia os separatistas ucranianos que enfrentam as forças de Kiev na região leste da Ucrânia desde abril de 2014. O conflito armado, que já matou mais de dez mil pessoas, opõe as forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, com suporte militar russo, ao governo ucraniano.
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