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terça-feira, 16 de novembro de 2021

Otan pede ‘transparência’ à Rússia e vê crescer tensão entre Moscou e o Ocidente

O secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Jens Stoltenberg, pediu “transparência” à Rússia em meio à movimentação militar de Moscou perto da fronteira com a Ucrânia. A manifestação ocorreu após um encontro que o líder do bloco teve com Dmytro Kuleba, ministro ucraniano das Relações Exteriores, conforme informações da rede britânica BBC.

“Vemos uma concentração incomum de tropas e sabemos que a Rússia se dispôs a usar esse tipo de capacidade militar antes de realizar ações agressivas contra a Ucrânia”, disse Stoltenberg, que alertou Moscou para os riscos de uma eventual agressão e deixou clara a posição da Otan de apoio a Kiev em nesse caso.

No final da última semana, os EUA emitiram um alerta aos seus aliados da União Europeia (UE) sobre a possibilidade de invasão do território ucraniano pelo exército russo. Na ocasião, Washington também reforçou seu apoio à Ucrânia, que denunciou a presença de cerca de cem mil soldados russos na região fronteiriça.

Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan (Foto: Otan/Flickr)

Segundo Stoltenberg, a presença maciça de tropas na fronteira é perigosa porque reduziria o tempo de reação caso a Rússia decidisse “conduzir uma ação militar agressiva contra a Ucrânia”. Através de um porta-voz, o premiê britânico Boris Johnson classificou a situação como “preocupante e também reafirmou sua posição de apoiar o governo ucraniano “em face de uma hostilidade da Rússia”.

Belarus x Polônia

Também pesa para ampliar a tensão entre Moscou e o Ocidente a questão dos imigrantes que tentam ingressar na União Europeia (UE) provenientes de Belarus, pela fronteira com a Polônia. Os líderes europeus acusam o presidente belarusso Alexander Lukashenko, forte aliado de Vladimir Putin, de promover o fluxo migratório para se vingar das sanções impostas a seu país.

Nos últimos dias, milhares de imigrantes foram conduzidos por soldados belarussos armados ate a fronteira com a Polônia, onde esperam por uma oportunidade de ingressar na UE. A situação levou Varsóvia e Vilnius a intensificarem a segurança nas regiões fronteiriças, para onde as pessoas provenientes de países do Oriente Médio, do Sudeste Asiático e da África.

Risco de conflito

O general Nick Carter, principal autoridade militar britânica, afirmou em entrevista à radio local Times, transmitida no domingo (14), que o mundo enfrenta o maior risco em décadas de que um “erro de cálculo” gere um conflito entre a Rússia e o Ocidente. Ele destacou como indício o fato de que governos autoritários têm usado qualquer meio arma, entre eles o gás natural e os ciberataques, citando duas questões associadas a Moscou recentemente.

Segundo Carter, as “ferramentas e mecanismos diplomáticos tradicionais”, responsáveis por evitar um conflito durante a Guerra Fria, não existem mais. Também ficou para trás a soberania global isolada dos EUA, sendo o período atual novamente de bipolaridade. “Sem essas ferramentas e mecanismos, há um risco maior de que esses escalonamentos, ou este escalonamento, levem a erros de cálculo”, disse ele.

Por que isso importa?

tensão entre Ucrânia e Rússia explodiu com a anexação da Crimeia por Moscou. Tudo começou no final de 2013, quando o então presidente da Ucrânia, o pró-Kremlin Viktor Yanukovych, se recusou a assinar um acordo que estreitaria as relações do país com a União Europeia (UE). A decisão levou a protestos em massa que culminaram com a fuga de Yanukovych para Moscou em fevereiro de 2014.

Após a fuga do presidente, grupos pró-Moscou aproveitaram o vazio no governo nacional para assumir o comando da península e declarar sua independência. Então, em março de 2014, as autoridades locais realizaram um referendo sobre a “reunificação” da Crimeia com a Rússia. A aprovação foi superior a 90%.

Após o referendo, considerado ilegal pela ONU (Organização das Nações Unidas), a Crimeia passou a se considerar território da Rússia. Entre outros, adotou o rublo russo como moeda e mudou o código dos telefones para o da Rússia.

O governo russo também apoia os separatistas ucranianos que enfrentam as forças de Kiev na região leste da Ucrânia desde abril de 2014. O conflito armado, que já matou mais de dez mil pessoas, opõe as forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, com suporte militar russo, ao governo ucraniano.

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