No dia 17 de setembro de 2014, Khanum Jeiranova, uma georgiana de origem azeri, foi encontrada morta por enforcamento em um jardim da casa dos pais. A morte, tratada como suicídio pelas autoridades locais, nunca foi investigada, apesar dos indícios de que ela foi vítima de um crime. Agora, o caso chegou ao Comitê das Nações Unidas para a Eliminação da Discriminação contra Mulheres (Cedaw), que o trata como um crime de gênero.
Acusada de infidelidade, Jeiranova teve que resistir à pressão da própria família para cometer suicídio tomando veneno de rato. Ela também foi agredida a pauladas por três parentes do marido em frente dos filhos, então com sete e 11 anos, até que ficasse inconsciente. A violência ficou impune, e a mulher foi levada ao hospital. Recuperada, voltou à casa dos pais e, 24 horas depois, foi encontrada morta.
Um inquérito aberto após a morte foi rapidamente arquivado após os promotores concluírem que a “vítima morreu por suicídio após seu comportamento vergonhoso e desonrado”. Os clérigos muçulmanos que prepararam o corpo de Jeiranova para o enterro contaram que as roupas dela estavam cobertas de sangue, como se tivesse sido golpeada duramente. A polícia, porém, foi impedida pela família de realizar a análise forense do local da morte.
Diante da impunidade dos agressores e dos possíveis assassinos da mãe, os dois filhos dela levaram o caso ao Cedaw, que manifestou indignação com a falha de autoridades na Geórgia na investigação e punição dos responsáveis.
“Jeiranova foi vítima de discriminação cruzada relacionada à etnia e atitudes estereotipadas das autoridades policiais e judiciais”, disse Genoveva Tisheva, que faz parte do Comitê da ONU (Organização das Nações Unidas). “Se as autoridades georgianas a tivessem protegido adequadamente contra a violência de gênero, ela ainda estaria viva hoje”, acrescentou.
Agora, o Cedaw insta a Geórgia a conduzir uma investigação rápida, completa e independente sobre a morte de Jeiranova, bem como um processo judicial adequado contra os responsáveis. Pede, ainda uma reparação apropriada e um pedido oficial de desculpas aos filhos. Por fim, cobra do país que todas as legislações, políticas e medidas que tratam da violência doméstica também incluam a violência baseada na honra.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News
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