Após meses de especulação sobre a possibilidade de estar morto, o líder supremo do Taleban, Haibatullah Akhundzada, fez uma rara aparição em público no sábado (30). Segundo fntes do grupo que atualmente comanda o Afeganistão, ele fez uma visita à Jamia Darul Uloom Alimia, uma escola religiosa em Kandahar, informou a agência Reuters.
Akhundzada estava recluso, sem aparecer em público mesmo após a tomada de poder pelo grupo extremista, ao conquistar Cabul no dia 15 de agosto. Ele é a principal liderança talibã desde 2016, seja para assuntos políticos, religiosos ou militares.
Segundo autoridades talibãs, ele havia participado de eventos públicos anteriormente, mas todos eles sem qualquer tipo de divulgação. Esta foi a primeira aparição pública registrada oficialmente pela imprensa local.
Em meados de setembro, o Taleban já havia negadi a morte do mulá Abdul Ghani Baradar, cofundador do grupo extremista, suspeito de ter sido morto em um tiroteio entre seguidores. Boatos davam conta de que um racha interno entre talibãs teria levado a um conflito armado.
Na mesma época, foi constatado que Baradar possui passaporte e documento nacional de identificação do Paquistão, sob o nome falso Muhammad Arif Agha. O envolvimento do governo paquistanês com o Taleban se daria através do ISI, o serviço de inteligência do país. A suspeita é de que o órgão forneça suporte militar, financeiro e sobretudo de inteligência ao grupo.
Por que isso importa?
Desde que assumiu o poder, no dia 15 de agosto, o Taleban busca reconhecimento internacional como governo de fato do que chama de “Emirado Islâmico“. O grupo extremista chegou a se reunir com autoridades da ONU (Organização das Nações Unidas) a fim de garantir que a assistência humanitária seja mantida no país. O órgão, por outro lado, recusou o pedido para que um enviado talibã discursasse na Assembleia Geral.
Representantes do Reino Unido também receberam autoridades talibãs, e na ocasião pressionaram para que cidadãos britânicos fossem autorizados a deixar o Afeganistão, além de questionarem sobre os direitos das mulheres. Rússia, Irã, China, Uzbequistão, Turcomenistão e Paquistão estão entre as nações que mantém contato mais próximo com os novos governantes afegãos.
Até agora, porém, nenhuma nação reconheceu formalmente o Taleban como poder legítimo no país. Mais do que legitimar o poder talibã internacionalmente, esse reconhecimento é crucial para fortalecer financeiramente um país pobre e sem perspectivas imediatas de gerar riqueza. Inclusive, os Estados Unidos, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) cortaram o acesso de Cabul a mais de US$ 9,5 bilhões em empréstimos, fundos e ativos.
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