A Turquia está pronta para “consertar os laços” com os países árabes, afirma Ibrahim Kalin, porta-voz do presidente Recep Tayyip Erdogan, em entrevista à Bloomberg no sábado (6).
O apoio de Ancara a governos com forte componente religioso prejudicou a relação diplomática com a maioria das nações do Golfo, que veem o movimento como uma ameaça às dinastias da região.
Com o Egito, em particular, a hostilidade começou após a derrubada do líder Mohamed Mursi, em 2013, pelo atual presidente Abdel Fattah Al-Sisi. Desde então, os dois países também apoiaram lados opostos na Líbia, no Iraque e em reivindicações marítimas.
Kalin, porém, apostou em um “novo capítulo” e “virada de página” no relacionamento com o Egito e com os países do Golfo. Segundo ele, a Turquia está interessada em discutir questões marítimas no Mediterrâneo, da Líbia e o processo de paz com os palestinos.
“Abriremos um novo capítulo para ajudar na paz e estabilidade regional”, disse. Em resposta, os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita também amenizaram o tom sobre a Turquia. A mudança vem na esteira das mudanças na política externa em Washington desde o início do mandato do democrata Joe Biden, em janeir.
Falando sobre os EUA, Kalin afirmou que Ancara acredita no “fortalecimento mútuo”. “Para que essa relação funcione para os dois lados, precisamos baseá-la no respeito. Queremos ver ações concretas de nossos aliados”, disse.
Mísseis russos
Apesar de ressaltar a importância do “diálogo construtivo” em relação aos EUA, Kalin afirmou que os norte-americanos devem “entender a gravidade” das questões de segurança nacional da Turquia.
O porta-voz citou a guerrilha PKK (Partido dos Trabalhadores Curdos), considerada terrorista pelo governo turco. Conforme Kalin, a decisão em comprar o sistema de mísseis russos S-400 “não foi tomada do dia para a noite”.
Em dezembro, Washington aplicou sanções contra Ancara pela aquisição ao alegar que o sistema é incompatível com os jatos F-35 da Otan (Organização do Tratado Atlântico Norte).
“É uma questão política”, disse o porta-voz. “Tivemos desacordos com a Rússia, mas fomos capazes de conversar. Por que não podemos fazer o mesmo com os EUA?”.
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