Partidos rivais reivindicam ao mesmo tempo uma vitória na eleição legislativa na Costa do Marfim, realizada no último sábado (6). Os resultados ainda não foram divulgados pelas autoridades eleitorais, informou a agência France24.
Nesta segunda (8), o presidente, Alassane Ouattara, reeleito em 2020 pela terceira vez, nomeou um aliado para primeiro-ministro. Segundo o mandatário, o chefe de gabinete Patrick Achi substituirá Hamed Bakayoko como interino por motivos de saúde.
O partido de Ouattara, RHDP, afirmou que a sigla conquistou 60% dos assentos da Câmara – o que lhe concederia o direto à escolha do novo premiê. “A tendência eleitoral é de vitória com maioria confortável”, disse o vice-líder do partido, Adama Bictogo.
O movimento, porém, fez com que opositores também lançassem suas reivindicações de vitória. O partido de oposição de centro-direita PDCI (Partido Democrático da Costa do Marfim) alegou que sua coalizão conquistou 128 dos 225 assentos da Assembleia Nacional.
“E alertamos: os resultados preliminares estão cheios de irregularidades”, disse Niamkey Koffi, oficial da sigla. Mais de 1,5 mil candidatos disputaram os votos de sete milhões de eleitores – pouco mais de um quinto da população do país.
O principal objetivo dessa declaração de vitória é evitar que Ouattara e o RHDP consolidem seu poder absoluto no país, afirmou o ex-presidente e líder da oposição Laurent Gbagbo, presidente entre 2000 e 2010.
A Comissão Eleitoral deve divulgar os resultados oficiais até o final da semana. A participação, porém, foi de apenas 20% por “medo da violência”, relatou a agência catari Al-Jazeera.
A votação é um “teste-chave” para a estabilidade do país. Nas eleições de outubro, 87 pessoas morreram em protestos após Ouattara alegar vitória com 94% dos votos.
Coalizão contra Ouattara
Derrotados no pleito presidencial, os dois grandes rivais de Ouattara, Henri Konan Bedie e o ex-presidente Gbagbo se apresentaram como candidatos parlamentares em uma lista conjunta.
Gbagbo deixou o cargo após uma guerra civil pós-eleitoral e alegações do concorrente, Ouattara, de que houve fraude. O conflito matou três mil pessoas e deixou uma profunda lacuna entre os partidos do país, maior produtor de cacau do mundo.
O ex-presidente Gbagbo chegou a ser acusado pelo Tribunal de Haia, na Holanda, por crimes de guerra e foi absolvido em janeiro de 2019.
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