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segunda-feira, 1 de maio de 2023

Pesquisa aponta defasagens no rastreamento do câncer na África e nas Américas

O projeto “Rastreamento do Câncer em Cinco Continentes” lançou seu relatório inaugural na última quinta-feira (27). O levantamento analisa a organização e implementação de programas de triagem de câncer de mama, colo do útero e colorretal.

Publicado na revista Nature Medicine, o estudo coletou dados de 84 países. A lista inclui 17 nações da África, 27 das Américas, 10 da Ásia, 29 da Europa e uma da Oceania. A relação inclui Brasil, Portugal e Moçambique.

A iniciativa é liderada por cientistas da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc, na sigla em inglês) e contou com a colaboração dos Ministérios da Saúde dos países pesquisados. O estudo revela uma significativa variação na organização e performance dos programas entre os Estados.

Em relação ao câncer de mama, houve alta variação nos dados. O país com menor cobertura de rastreamento foi Bangladesh, com 1,7%, e o maior, o Reino Unido, com 85,5%.

Em geral, os países de renda alta apresentam programas mais bem organizados na comparação com as nações de rendas média e baixa. Um dos fatores que explica a diferença é a existência de leis que tornam a triagem de câncer de mama obrigatória em 41,2% dos países de renda alta analisados.

Fita rosa usada na campanha de combate ao câncer de mama (Foto: Professional Photographer/Flickr)
Dificuldade com exames de câncer do colo do útero

Para os serviços de rastreamento de câncer de colo do útero foi identificada uma alta proporção de acesso gratuito. Essa é a realidade em 81,3% dos países africanos analisados e em 86,4% dos que estão nas Américas e foram incluídos na pesquisa.

No entanto, a colposcopia e a biópsia estão disponíveis apenas como serviços pagos em 50% dos países africanos incluídos na pesquisa e em 59,1% dos países americanos analisados.  

Os programas de rastreamento de câncer colorretal foram considerados mais bem organizados do que os de rastreamento de câncer de mama ou colo do útero, com uma alta proporção de programas com orçamento específico dedicado.

Américas tem 1,4 milhão de mortes

Nas Américas, 72,2% dos serviços têm essa condição, na Ásia, 100%, e na Europa, 92,3%. Nessas três regiões, o fornecimento de serviços de triagem gratuitos é superior a 80%.  

A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) é parceria da Iarc para implementar o projeto na América Latina e no Caribe. Representantes da agência e de Ministérios dos países da região participam com suporte à coleta de dados.

O câncer é uma das principais causas de morte nas Américas. Em 2020, a doença causou 1,4 milhão de perda de vidas, 47% das quais ocorreram em pessoas com 69 anos ou menos.

O número de casos de câncer nas Américas em 2020 foi estimado em 4 milhões. A previsão indica 6 milhões de casos em 2040, representando um aumento de 57%.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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