Embora a Covid-19 possa não ser mais uma emergência de saúde pública global, os países ainda devem fortalecer a resposta à doença e se preparar para futuras pandemias e outras ameaças, disse o diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde) na segunda-feira (22) em Genebra.
O chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, estava entregando seu relatório à 76ª Assembleia Mundial da Saúde, o órgão de tomada de decisões da agência da ONU (Organização das Nações Unidas), que se reune nesta semana.
“O fim da Covid-19 como uma emergência de saúde global não é o fim da Covid-19 como uma ameaça global à saúde”, disse Tedros aos Estados-Membros. “A ameaça de outra variante emergente que causa novos surtos de doenças e mortes permanece, e a ameaça de outro patógeno emergente com potencial ainda mais mortal permanece.”
Além disso, diante de crises sobrepostas e convergentes, “as pandemias estão longe de ser a única ameaça que enfrentamos”, acrescentou, ressaltando a necessidade de mecanismos globais eficazes que atendam e respondam a emergências de todos os tipos.
“Quando a próxima pandemia bater à nossa porta, e ela virá, devemos estar prontos para responder de forma decisiva, coletiva e equitativa”, aconselhou.
Metas de saúde impactadas
Tedros disse que a Covid-19 teve implicações significativas para as metas relacionadas à saúde sob os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que têm prazo até 2030.
A pandemia também afetou o progresso em direção às metas do Triplo Bilhão, anunciadas na Assembleia Mundial da Saúde de 2017.
A iniciativa de cinco anos exige garantir que mais um bilhão de pessoas tenham cobertura universal de saúde, um bilhão a mais esteja mais protegido contra emergências de saúde e outro bilhão desfrute de melhor saúde e bem-estar.
Ação nos ODS
Tedros relatou que os países fizeram progressos na cobertura universal de saúde, com cerca de 477 milhões de pessoas se beneficiando. No entanto, ele alertou que, se as tendências atuais continuarem, menos da metade da população mundial estará coberta até o final da década, “o que significa que devemos pelo menos dobrar o ritmo ”.
A Covid-19 também mostrou que oito bilhões de pessoas – basicamente todos no planeta – precisam ser mais bem protegidos em emergências.
“A pandemia nos desviou do curso, mas nos mostrou por que os ODS devem continuar sendo nossa estrela norte e por que devemos persegui-los com a mesma urgência e determinação com que combatemos a pandemia”, disse ele.
Promovendo saúde, prevenindo doenças
Tedros também destacou várias conquistas que foram feitas no ano passado no sentido de promover, prover, proteger, capacitar e atuar para a saúde.
Os países tomaram medidas para promover a saúde, prevenindo doenças e abordando suas causas profundas, por exemplo. Entre 2017 e 2022, 133 governos aumentaram ou introduziram um novo imposto sobre produtos prejudiciais à saúde, como tabaco e bebidas açucaradas.
“Também vemos um progresso encorajador na eliminação da gordura trans produzida industrialmente do suprimento global de alimentos”, disse ele. “Muitos países também fizeram progressos impressionantes na redução da ingestão de sal, um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares”.
Acabar com a poliomielite
Sobre proteção, Tedros observou que, com o fim da Covid-19 e da mpox (a popular “varíola dos macacos”) como emergências globais de saúde pública, resta apenas a poliomielite.
Após uma baixa histórica de cinco casos de poliovírus selvagem em 2021, os números aumentaram no ano passado, com 20 casos no Paquistão, dois no Afeganistão e oito em Moçambique.
Ele enfatizou que a OMS e seus parceiros “permanecem firmemente comprometidos em terminar o trabalho de consignar a pólio à história”.
Novo acordo de pandemia
Tedros concluiu seus comentários instando os países a “acelerarem o ritmo do progresso” no Triplo Bilhão e nas metas dos ODS relacionadas à saúde.
Ele pediu negociações urgentes e construtivas sobre o novo acordo pandêmico global e o Regulamento Sanitário Internacional (RSI), o tratado que rege a preparação e resposta a emergências de saúde, “para que o mundo nunca mais tenha que enfrentar a devastação de uma pandemia como a Covid-19”.
Ele também pediu aos países que apoiem um aumento de 20% em suas contribuições para apoiar o trabalho da OMS.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News
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