Um míssil russo caiu em uma floresta na Polônia em abril. É o que apontam descobertas preliminares de especialistas sobre os restos de um objeto aéreo encontrado perto da cidade de Zamosc, distante centenas de quilômetros das fronteiras do país com a Ucrânia, Belarus e o enclave russo de Kaliningrado. As informações são da revista Newsweek.
De acordo com um trabalho de perícia coordenado pelo Instituto de Tecnologia da Força Aérea, que está elaborando uma opinião especializada para o Ministério Público polonês, o objeto em análise se trata de um míssil de cruzeiro russo Ch-55.
“O míssil de cruzeiro Ch-55 provavelmente veio de nossa fronteira oriental, porque o exército polonês não possui esse armamento nem em equipamentos nem em armazéns”, disse o relatório.
Os mísseis Ch-55 foram produzidos durante a era soviética. Eles têm um alcance de aproximadamente três mil quilômetros, e seu objetivo era transportar ogivas nucleares.
Citando fontes militares, a estação de rádio local RMF FM informou que o míssil de cruzeiro foi disparado durante um ataque aéreo à Ucrânia realizado em dezembro de 2022, feito por aeronaves russas baseadas em Belarus. Durante a ofensiva, aviões da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) foram acionados.
“Um objeto que voou de Belarus para a Polônia apareceu nos radares de nossos serviços”, disse o exército polonês, segundo a emissora. “As buscas foram realizadas após o incidente de dezembro, mas foram abandonadas devido às condições climáticas difíceis”. À época, uma frente com fortes tempestades de neve passava pelo país.
O míssil acabou descoberto no dia 22 de abril por uma mulher que andava a cavalo nos arredores da cidade polonesa ocidental, e ela relatou à polícia.
Segundo a reportagem da RMF FM, os militares não notificaram o Ministério Público sobre a violação do espaço aéreo polonês por um objeto não identificado.
“Parece que o exército polonês ignorou o incidente ou quis encobri-lo. A mera suspeita de uma violação do espaço aéreo polonês deve resultar na notificação das autoridades policiais. Cabe ao Ministério Público explicar as circunstâncias de cada travessia ilegal de fronteira ou violação do território polonês”, diz a matéria.
O próprio chefe do governo polonês confirmou que não sabia do ocorrido. “Fiquei sabendo do incidente quando o denunciei. Faltavam alguns minutos para o final de abril”, disse o primeiro-ministro Mateusz Morawiecki na quarta-feira (10).
Em comunicado, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores polonês disse que aguardará o trabalho da perícia antes de se pronunciar oficialmente.
“Antes de obter os resultados finais do trabalho das autoridades estatais competentes, o Ministério das Relações Exteriores não comenta a descoberta perto de Bydgoszcz. Assim que os resultados da pesquisa forem confirmados, eles serão divulgados ao público”.
Desde o início da guerra na Ucrânia, a Polônia, que apoia Kiev, impôs um alto nível de segurança em relação a Moscou em todo o país.
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