A Justiça iraniana anunciou na segunda-feira (15) a execução de cinco pessoas por suposto “tráfico armado de drogas” no sul do país. Já são mais de 200 penas capitais aplicadas em 2023, média que ultrapassa dez mortes por semana. As informações são da rede CBS News.
Segundo a agência de notícias do Judiciário local, Mizan Online, as autoridades confirmaram a sentença de morte por enforcamento, emitida pelo tribunal superior do Irã. Mojtaba Ghahramani, chefe de Justiça da província de Hormozgan, no sul, afirmou que os indivíduos condenados eram considerados “criminosos e traficantes de drogas armados”.
“As sentenças dos citados foram executadas nesta manhã nas prisões de Bandar Abbas e Minab”, em Hormozgan, acrescentou a notícia.
Com os mais recentes enforcamentos, o número de pessoas executadas por tráfico de drogas em menos de uma semana chega a oito.
Na quarta-feira, o sistema judiciário executou três indivíduos condenados por sua associação com o cartel de drogas, apesar dos alertas da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre a alarmante quantidade de execuções no país.
A situação levou a uma manifestação de repúdio de Volker Turk, chefe de direitos humanos da ONU. “Em média, até agora neste ano, mais de dez pessoas são mortas a cada semana no Irã, tornando-o um dos maiores executores do mundo”, disse ele.
No decorrer deste ano, mais de 210 indivíduos foram executados no Irã, sendo a maioria dessas execuções relacionadas a delitos ligados às drogas. No entanto, um comunicado emitido pelas Nações Unidas ressalta que o número real de execuções é provavelmente muito maior.
De acordo com um relatório conjunto divulgado em abril pelo grupo norueguês Iran Human Rights e pela organização Together Against the Death Penalty, sediada em Paris, o Irã registrou um aumento de 75% no número de execuções em 2022 em comparação com o ano anterior. Na ocasião, representantes dessas organizações alertaram que a máquina de execução do país poderia continuar realizando mais execuções ao longo do ano, com o objetivo de disseminar o medo entre a população.
De acordo com os dois grupos de direitos humanos, pelo menos 582 pessoas foram executadas no Irã no ano passado, representando o maior número de execuções no país desde 2015. Essa cifra está significativamente acima das 333 execuções registradas em 2021.
Máquina de matar
As execuções têm aumentado nos últimos meses, em meio aos protestos em todo o país contra a repressão estatal. Eles começaram em setembro de 2022 após a morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos que visitava Teerã, capital do país, quando foi abordada pela “polícia da moralidade” por não usar “corretamente” o hijab, o véu obrigatório para as mulheres.
Os protestos começaram no Curdistão, província onde vivia Mahsa, e depois se espalharam por todo o país, com gritos de “morte ao ditador” e pedidos pelo fim da República Islâmica. As forças de segurança iranianas passaram a reprimir as manifestações de forma violenta, com relatos de centenas de mortes.
“A máquina de matar do governo está acelerando”, afirmou Mahmood Amiry Moghaddam, diretor da ONG Iran Human Rights (IHR). “O objetivo é intimidar as pessoas, e as vítimas são as pessoas mais fracas da sociedade”, acrescentou, referindo-se ao fato de que a maioria dos condenados pertence a minorias étnicas iranianas.
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