O Conselho de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) acompanhou um informe do alto comissário em sessão especial, em Genebra. Volker Turk ressaltou que ambos os lados do conflito no Sudão cometeram abusos do direito humanitário internacional.
Em Genebra, Turk disse haver violações nos princípios da distinção, proporcionalidade e precaução. Ele destacou que militares sudaneses lançaram ataques, incluindo aéreos, contra áreas civis densamente povoadas. Num deles morreram civis perto de um hospital na área do Nilo Oriental e na capital Cartum.
Já os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF, da sigla em inglês) tomaram edifícios da capital para usá-los como bases operacionais. Nessas ações, foram expulsos moradores e ataques em áreas urbanas densamente habitadas.
O chefe de Direitos Humanos advertiu que o tipo de tática coloca os civis em alto risco e impede as pessoas de terem acesso a suprimentos e assistência essenciais.
Turk falou sobre denúncias de atos de violência sexual cometidos por grupos uniformizados, bem como homicídios e desaparecimentos forçados.
Ataques
Além da morte de centenas de civis, mais de 154 mil pessoas já fugiram do país e cerca de 700 mil foram deslocadas internamente. Nas áreas afetadas pelo conflito, vários sudaneses estão “em risco contínuo e grave”.
A capital sudanesa é alvo de confrontos, bombardeios e ataques aéreos também em áreas residenciais. Milhões de pessoas procuram acesso a alimentos, combustível e dinheiro.
A violência entre grupos militares acendeu confrontos interétnicos em áreas como Darfur e nas regiões do Nilo Azul e Kordofan. Em Darfur Ocidental, pelo menos cem pessoas morreram e milhares foram deslocados pela violência entre comunidades “árabes” e os masalit, aliados às RSF.
Esforços de desenvolvimento
O sistema de saúde do país foi severamente afetado, com pelo menos 17 ataques a instalações do setor e vários locais ocupados por forças militares. Mulheres em trabalho de parto ou pacientes graves seguem feridos e sem assistência.
A situação reverte “anos de esforços de desenvolvimento” na infraestrutura de água, na eletricidade e nas comunicações, destacou Turk.
O chefe de Direitos Humanos mencionou ainda o aumento de furtos em escritórios da ONU e de ONGs internacionais, empresas e propriedades privadas. Esse tipo de atos limita as operações humanitárias.
Mais de 2,5 milhões de pessoas poderão sofrer de insegurança alimentar aguda no prazo entre três e seis meses, o que elevará o total para 19 milhões de pessoas, ou mais da metade da população.
O Escritório de Assistência Humanitária (Ocha) estima que cerca de 50 mil crianças que enfrentam desnutrição aguda não podem receber tratamento essencial.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News
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