O Yahoo anunciou nesta terça-feira (2) o encerramento de suas atividades na China. O portal havia descontinuado os serviços já na segunda (1°), tornando-se a mais recente empresa dos EUA a deixar o país, segundo informações da rede NBC News.
“Em reconhecimento ao ambiente jurídico e de negócios cada vez mais desafiador na China, o pacote de serviços do Yahoo não estará mais acessível da China continental a partir de 1º de novembro”, diz o comunicado, acrescentando que a empresa “permanece comprometida com os direitos de nossos usuários e com uma Internet livre e aberta”.
Segundo a CNN Business, a decisão tem relação com a pressão e a censura estatais impostas no país, que já havia limitado o acesso a diversos recursos do Yahoo em 2013, inclusive os essenciais, como e-mail e notícias. Dois anos depois, a empresa fechou as portas do escritório em Beijing, o que levou a 300 demissões.
Em outubro, sob justificativa semelhante, a
Microsoft anunciou que encerrou as atividades do LinkedIn na China: “Ambiente operacional significativamente mais desafiador e maiores requisitos de conformidade”, anunciou a empresa.O fechamento do Yahoo ocorre paralelamente à efetividade da Lei de Proteção de Informações Pessoais da China, que passou a valer desde o 1º de novembro. A nova determinação restringe as informações que as empresas podem reunir e define padrões de como elas devem ser armazenadas.
A censura da Internet no país asiático é extrema e carrega uma grande variedade de leis e regulamentos, conhecida internacionalmente como “O Grande Firewall da China”. Twitter e Facebook estão bloqueados há mais de uma década, e o Google fechou suas portas por lá em 2010.“Game over”
A Epic Games também anunciou a retirada do seu popular jogo Fortnite da China. De acordo com a rede CNBC, a empresa anunciou em seu site que a versão local tem data para encerrar: dia de 15 de novembro. Novos usuários estão impedidos de registrar contas desde segunda-feira. A Epic não forneceu um motivo específico para a descontinuidade do jogo.
A China também mantém sua mão-de-ferro sobre o setor de games, com jogos passando por um processo de aprovação prévia do governo. Fabricantes do Ocidente têm seus títulos frequentemente censurados no país.
Em 2021, Beijing fechou ainda mais o cerco no consumo de videogames, regrando, inclusive, o tempo que os jovens podem passar diante da tela: menores de 18 anos só podem jogar online três horas por semana.
Por que isso importa?
O autoritarismo digital é uma das principais assinaturas da repressão na China na segunda década do século XXI. Pelo “Projeto Escudo Dourado”, autoridades do governo não apenas bloqueiam o acesso ao conteúdo dos websites, como também monitoram os internautas. As regras se estendem às corporações estrangeiras: ao fazer negócio no país, uma empresa de tecnologia dos EUA deve cumprir as regras locais – ou sair, como o Google fez em 2010.
Uma investigação indicou que a polícia chinesa emite multas a pessoas e empresas que usam VPNs – programas que ocultam a origem da conexão e permitem acesso a conteúdos vetados em um determinado país.
A proibição tem base em uma lei de 1996, que baniu o uso de ferramentas que contornam a censura. Entre os multados estão usuários que buscaram sites estrangeiros para jogos, apostas e pornografia.
Tentativas de entrar em plataformas proibidas como WhatsApp, Telegram, Twitter, YouTube e Instagram e outras fontes de notícias estrangeiras também geram multa e advertência na China.
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