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quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Guerra na Etiópia completa um ano e vê rebeldes se aproximarem de Adis Abeba

Exatamenteum ano após o início da guerra na Etiópia, nesta quinta-feira (4), os rebeldes da região de Tigré continuam a avançar e falam em conquistar Adis Abeba dentro de meses, talvez semanas. A preocupação com a possível tomada da capital nacional levou o governo dos Estados Unidos a autorizar que membros do corpo diplomático com funções não essenciais, bem como seus parentes, deixem o país. As informações são da rede Voice of America (VOA).

Na quarta-feira (3), o governo etíope declarou estado de emergência e convocou a população civil a engrossar as fileiras do exército no combate aos rebeldes. “Nosso país está enfrentando um grave perigo para sua existência, soberania e unidade. E não podemos dissipar esse perigo por meio dos sistemas e procedimentos normais de aplicação da lei”, disse o ministro da Justiça Gedion Timothewos.

Guerra na Etiópia completa um ano e vê rebeldes se aproximarem de Adis Abeba
Rua de Adis Adeba, capital da Etiópia: rebeldes avançam e dizem que conquistarão a cidade (Foto: Sam Effron/Flickr)

A posição das forças de segurança tornou-se consideravelmente difícil com uma aliança rebelde recente. Agora, combatem lado a lado a TPLF (Frente de Libertação do Povo Tigré), partido político amparado por um grupo paramilitar, e o OLA (Exército de Libertação Oromo), que no ano passado se desvinculou da sigla política homônima e passou a defender de maneira independente a etnia Oromo, a maior da Etiópia.

“Os fomentadores da guerra decidiram continuar com a guerra, e nós entramos nesta guerra porque a única opção que tínhamos era destruir nossos inimigos pela força”, afirmou o Debretsion Gebremichael, presidente da região de Tigré.

Já o primeiro-ministro Abiy Ahmed tentou mostrar otimismo, falando da capital nacional na quarta-feira (3). Mas o tom épico do discurso evidenciou a tensão. “A Etiópia não entrará em colapso. A Etiópia vai prosperar”, disse ele. “A Etiópia existirá para sempre com sua honra, derrotando todos os que a testarem através do sangue e dos ossos de seus filhos”.

Washington e ONU em alerta

O risco de uma derrota das forças nacionais levou o governo dos Estados Unidos a emitir um alertar. “Estamos aconselhando os cidadãos dos EUA a não viajarem para a Etiópia”, disse o porta-voz do Departamento de Estado Ned Price. “E estamos recomendando que os cidadãos dos EUA na Etiópia considerem partir agora, usando opções comerciais que permanecem disponíveis”.

Por sua vez, a ONU (Organização das Nações Unidas) avalia os estragos causados pelo confronto, direcionando acusações aos rebeldes e ao governo nacional. “Temos motivos razoáveis ​​para acreditar que, durante este período, todas as partes do conflito de Tigré cometeram violações dos direitos humanos internacionais, do direito humanitário e dos refugiados”, disse Michelle Bachelet, a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

Por que isso importa?

A região de Tigré, no extremo norte da Etiópia, está imersa em conflitos desde 4 de novembro de 2020, quando disputas eleitorais levaram Adis Abeba a determinar a tomada das instituições locais. A disputa opõe a TPLF às forças de segurança nacionais da Etiópia, amparadas pelo exército da vizinha Eritreia.

Os militares chegaram a reconquistar Tigré, mas os rebeldes viraram o jogo e começaram a ganhar território. No final de junho, eles anunciaram um processo de “limpeza” para retomar integralmente o controle da região e assumiram o comando de Mekelle, a capital regional.

Pouco após a derrota do exército, o governo da Etiópia decretou um cessar-fogo e deixou Tigré. Os soldados do exército da Eritreia, que apoia Addis Abeba, também deixaram de ser vistos por lá. Posteriormente, com o avanço dos rebeldes, que chegaram inclusive às regiões vizinhas de Afar e Amhara, o exército foi enviado novamente para apoiar as tropas locais.

Nos últimos meses, com a aliança entre TPLF e OLA, as forças rebeldes acumulam vitórias e já assumiram o controle de importantes cidades no caminho que leva a Adis Abeba. O avanço tornou ineficazes os constantes ataques aéreos do exército, o que faz crescer a expectativa de que o conflito chegue à capital, com o risco de queda do governo nacional.

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