O documentário “The Factory” (“A Fábrica”), produzido pela TV estatal turca TRT World, estreia no país nesta sexta-feira (12) lembrando os seis anos dos ataques do Estado Islâmico (EI) em Paris. A obra investigativa, que resultou da análise de meio milhão de documentos em dois anos, aborda também a suposta cooperação da fábrica de cimento francesa Lafarge com organizações terroristas, a quem teria enviado dezenas de milhões de dólares. As informações são da rede TRT.
Os produtores de “A Fábrica” detalham que a série lança uma luz sobre questões obscuras vinculadas ao conflito na Síria. Entre elas, quem teria guiado a gigante da construção civil para sua permanência no país, onde mantinha operações no norte no início da guerra civil que ainda assola a população. Além disso, questiona os fundos da União Europeia (UE) destinados ao EI e à guerrilha PKK (Partido dos Trabalhadores Curdos) com o aval de agências de inteligência da França.
O documentário também busca elucidar os esforços de políticos e inteligência para limpar o nome da Lafarge em investigações judiciais e administrativas, e ainda diz revelar como o processo iniciado com o financiamento do Estado Islâmico na Síria levou aos ataques em Paris em novembro de 2015, que deixaram ao menos 127 mortos e outros 180 feridos.
O diretor de Comunicações da presidência da Turquia, Fahrettin Altun, escreveu em sua conta no Twitter uma mensagem com um trailer do documentário, antecipando que “A Fábrica” deve causar grande impacto na comunidade internacional.
“Uma empresa francesa que financia organizações terroristas, milhões de dólares e relacionamentos sujos por trás disso. Um sistema em que a vida humana é ignorada e a vida de milhares de pessoas inocentes são tiradas. Um documentário que vai chocar o mundo”.
A French company, finances terrorists…
— Fahrettin Altun (@fahrettinaltun) November 6, 2021
Millions of dollars and the infernal networks behind of it…
A system, disregards humanity, and takes thousands of innocent lives…
A documentary, will unveil the world,
“The Factory”
Nov 12th on @trtworld pic.twitter.com/SPHYNWXI68
Por que isso importa?
O EI teve uma considerável perda financeira recentemente, de acordo com relatório do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). O documento afirma que as perdas se devem a dois fatores: as operações antiterrorismo no mundo e a má gestão de fundos por parte do grupo. Ainda assim, os Estados-Membros do órgão estimam que o EI tenha “recursos significativos”, algo entre US$ 25 milhões e US$ 50 milhões.
As análises sugerem que a maior parte desse dinheiro esteja no Iraque, tornando a rede do EI na Síria parcialmente dependente de apoio financeiro. “Acredita-se que os combatentes do EI na República Árabe Síria tenham recebido vários milhões de dólares em 2020 do EI no Iraque”, diz o documento.
Em meados de abril de 2021, as autoridades iraquianas anunciaram a descoberta, em Mosul, do equivalente a US$ 1,7 milhão enterrados, em dinheiro, ouro e prata. A descoberta sugere que a verba do grupo jihadista pode ser maior que a imaginada, devido ao dinheiro escondido pelo grupo do qual não se tem conhecimento.
Segundo o relatório da ONU, as maiores despesas do EI são os salários dos combatentes e o sustento das famílias de militantes mortos. Outro gasto considerável é com a libertação de soldados e parentes presos em campos de detenção. Já as principais fontes de arrecadação do grupo são extorsão, sequestro e pilhagem.
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