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terça-feira, 16 de novembro de 2021

Ataque terrorista em Burkina Faso deia ao menos 19 policiais mortos

Um ataque jihadista contra um posto policial na cidade de Inata em Burkina Faso no domingo (14) deixou pelo menos 19 oficiais mortos, além de um civil, relatou o Ministério de Segurança do país. As informações são do jornal indiano The Hindu.

“Foi um ataque covarde e bárbaro, o qual nossas forças, com muita dignidade e devoção, mantiveram sua posição durante os combates”, declarou à televisão estatal o ministro da Segurança, Maxime Kone. A ofensiva ocorreu na província de Soum, região com forte presença de insurgentes ligados a dois grandes grupos terroristas, a Al-Qaeda e o Estado Islâmico (EI).

A autoridade contou à agência Associated Press (AP) que a contagem de vítimas é provisória e deverá aumentar. Um soldado ouvido pela reportagem sob condição de anonimato revelou ter visto muitos corpos ao sobrevoar a área em um helicóptero das forças locais.

Treinamento militar das forças de Burkina Faso (Foto: United States Army/Divulgação)

Após meses de trégua e relativa calmaria por conta de negociações entre o governo e algumas organizações extremistas em torno da eleição presidencial do ano passado, a província de Soum, um dos epicentros da violência, registrou aumento nos conflitos nas últimas semanas.

Desde o mês passado tem havido um ressurgimento de postos de controle comandados por rebeldes, que forçam as pessoas a mostrarem identificação e, às vezes, as sequestram, conforme relatou um funcionário do governo local que pediu para não ter sua identidade revelada.

O ataque de domingo (14) foi um golpe significativo, já que o destacamento em Inata foi o único que se manteve de pé ao longo dos dois últimos anos, enquanto tropas nas bases vizinhas recuaram quando a violência aumentou, disse Heni Nsaibia, pesquisador ligado ao Projeto de Dados de Localização e Eventos de Conflitos Armados.

“Infelizmente esta posição de dois anos pode ter chegado ao fim, a menos que medidas sejam tomadas. Acho que esses ataques regulares em grande escala, que ocorrem semanalmente, são um indicativo da árdua batalha que o país está enfrentando para recuperar terreno e estabilizar uma situação de segurança muito frágil”, disse ele.

No começo de novembro, um ataque realizado por homens fortemente armados terminou com a morte de cinco oficiais de polícia no norte do país. Nenhum grupo assumiu a autoria do ataque.

Soldados passam fome

Um relatório militar divulgado na sexta-feira (12) detalhou que o destacamento em Inata ficou sem suprimentos por duas semanas e o contingente quase morreu de fome, tendo que matar animais nos arredores da base para sobreviver.

O enfrentamento à violência cometidas por grupos islâmicos em Burkina Faso é feito por forças de segurança mal equipadas e mal treinadas. Na semana passada, na província de Seno, no Sahel, o campo de refugiados de Goudoubou, que abrigava cerca de 13 mil malianos, foi forçado a fechar após uma série de violações de segurança, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas).

Por que isso importa?

Burkina Faso convive desde 2015 com a violência de grupos ligados à Al-Qaeda e ao EI, insurgência que levou a um conflito com as forças de segurança e desencadeou uma crise humanitária. Grupos armados lançam ataques ao exército e a civis, desafiando também a presença de milhares de tropas francesas e de forças internacionais.

Os ataques costumavam se concentrar no norte e no leste do país, mas agora estão se alastrando por todo o país. Pelo menos três ataques com explosivos ocorreram no oeste e no sudoeste de Burkina Faso no final de agosto, incluindo o primeiro com uma vítima fatal na região de Cascades.

pior ataque jihadista já registrado em Burkina Faso ocorreu em 5 de junho, quando insurgentes incendiaram casas e atiraram em civis ao invadirem a vila de Solhan, no norte. Na ocasião, 160 pessoas morreram.

Desde que o conflito teve início, os ataques de ambas organizações extremistas já forçaram mais de 1,4 milhão de pessoas a fugirem de suas casas. Estima-se que 4,8 milhões de pessoas sofram de insegurança alimentar, com 2,9 milhões em situação de insegurança alimentar aguda.

Os grupos humanitários no país calculam que US$ 607 milhões seriam necessários para controlar a situação até o final de 2021. Apenas 24% desse valor já foi arrecadado, de acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas).

No Brasil

Casos mostram que o Brasil é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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